Ciência
15/12/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 15/12/2024 às 09:00
Já parou para pensar por que falamos "pé de laranja" e não simplesmente laranjeira? Essa forma de se referir às plantas é tão comum no dia a dia que raramente questionamos de onde ela veio. Mas, acredite, há toda uma história linguística — e um toque de criatividade — por trás disso.
A palavra "pé" tem muito mais a ver com plantas do que imaginamos. Lá na Antiguidade, em pleno domínio do latim, o termo pes (que significa "pé") já era usado para descrever partes das plantas. Por exemplo, o pedicelo é aquela haste que sustenta a flor ou o fruto, enquanto o pecíolo é a haste que liga a folha ao galho.
Tudo isso vem da raiz "pedis", que além de significar "pé", também carrega a ideia de algo que sustenta ou serve de base. E faz sentido, né? Se o pé humano segura o corpo, essas estruturas seguram folhas, flores e frutos.
Agora, aqui vem o pulo do gato: no latim, o tronco das árvores também foi chamado de "pé", ou melhor, pedis. Isso porque ele é a base que sustenta galhos, folhas e todo o resto. Com o tempo, essa ideia de "pé" como base foi expandida, chegando a designar a árvore inteira. Por isso, no Brasil, não é estranho falar "pé de laranja" para se referir à laranjeira inteira.
Mas não é só de história etimológica que vive a expressão "pé de". O jeito como falamos também reflete um toque de praticidade. É mais fácil dizer "pé de limão" do que "limoeiro", concorda? Sem contar que algumas palavras são bem mais simpáticas de ouvir assim. "Pé de abacate", por exemplo, soa mais leve e natural do que "abacateiro".
E a coisa não parou por aí. O uso do termo "pé" acabou sendo tão flexível que se espalhou para plantas sem tronco algum. É por isso que falamos "pé de alface" ou "pé de mandioca", mesmo que essas plantas não tenham nada que se pareça com um tronco.
Por fim, vale lembrar que até o ato de "plantar" tem uma conexão com os pés. No latim, "plantare" significava literalmente "empurrar no chão com a planta do pé". A ideia de algo que está firmemente conectado ao solo é tão universal que atravessou séculos e influenciou como nomeamos tudo, de árvores frutíferas até as plantas mais simples.