Artes/cultura
05/01/2018 às 14:00•2 min de leitura
Não só de pintura e escultura vivia o genial italiano Michelangelo. Entre esculpir maravilhas como a Pietà e a estátua de David, pintar coisas extraordinárias como a Capela Sistina, fazer algumas poesias básicas e inclusive atuar como arquiteto, o artista também precisava se alimentar — afinal, saco vazio não fica em pé! E você sabia que um museu na Itália guarda até hoje uma lista de compras que Michelangelo fez há uns 500 anos? Dê uma olhada!
Comidinhas (Wikimedia Commons/Michelangelo/Domínio Público)
De acordo com Anne Ewbank, do site Atlas Obscura, a lista foi anotada por Michelangelo nas “costas” de uma carta e hoje faz parte do acervo do museu Casa Buonarroti, em Florença. Segundo Anne, a relação (que traz uma série de alimentos) foi criada para que um dos servos do mestre fosse às compras e consiste em diversas linhas escritas à mão acompanhadas de pequenas ilustrações — uma vez que o servo provavelmente era analfabeto.
A lista de compras elenca uma porção de coisas que Michelangelo queria comer ao longo de três refeições — e o artista devia estar com bastante fome! Entre as ilustrações que o italiano criou, é possível identificar pães, peixes, verduras e vinho para que o servo não se esquecesse de quais itens ele deveria obter, e incluiu uma relação escrita que nós deduzimos que era para o dono da venda ler.
Olha a lista completa (Wikimedia Commons/Michelangelo/Domínio Público)
Mais especificamente, entre outras coisas, Michelangelo queria que seu servo comprasse vários pãezinhos — que são os pequenos círculos que ele desenhou no papel —, anchovas, arenque, vinho seco (reparou nas jarrinhas que o italiano fez?), algumas verduras e tortelli, um tipo de massa tradicional das regiões da Toscana, Lombarda e Emilia-Romagna e que lembra o ravióli.
E reparou que Michelangelo não incluiu carne vermelha na lista? De acordo com Anne, a carta que serviu de papel para a relação traz a data de 18 de março de 1518, o que significa que é possível que o artista estivesse pensando em cardápios para matar a fome durante a Quaresma, período durante o qual os cristãos mais devotos não consomem carne.
Eis um retrato do gênio (Wikimedia Commons/Daniele da Volterra/Domínio Público)
Com relação ao documento, de acordo com Anne, em 1518, Michelangelo, que tinha 43 anos de idade, já tinha concluído algumas de suas obras mais famosas — incluindo as três que mencionamos no início da matéria, Pietà, David e Capela Sistina. Esse também foi o ano em que ele, infelizmente, decidiu queimar muitos de seus esboços.
Na verdade, é surpreendente que uma coisa tão banal quanto uma simples lista de compras tenha sobrevivido, considerando que Michelangelo ordenou que boa parte de seus papéis e desenhos fosse queimada antes de sua morte, em 1564. Pois a relação está entre os cerca de 600 esboços que ainda existem do artista e, portanto, está entre as bem-guardadas raridades de sua autoria.