Vikings utilizavam planta alucinógena para autoinduzir violência

25/02/2020 às 08:012 min de leitura

Estudo realizado pelo etnobotânico Karsten Fatur, da Universidade de Ljubljana da Eslovênia, e publicado em 15 de novembro de 2019 no Journal of Ethnopharmacology, desafia as suposições tradicionais de que o transe dos guerreiros vikings berserkers era autoinduzido pelo uso de uma espécie de cogumelo venenoso com propriedades alucinógenas e afirma que este estado era causado pelo uso de uma planta chamada henbane.

Fonte: Divulgação/History

Estudos anteriores sugerem que o cogumelo Amanita muscaria foi usado pelos nórdicos para se tornarem furiosos. Sabe-se que na Sibéria esse cogumelo foi seco e consumido durante rituais religiosos para alcançar um estado psicoativo. No entanto, Fatur acredita que o henbane, também conhecido como Hyoscyamus niger, seria um candidato mais provável do uso dos vikings. Esta planta, que se originou no Mediterrâneo, mas se espalhou para o norte da Escandinávia, era bem conhecida na Idade Média por ter efeitos psicoativos, sendo adicionada até às cervejas medievais, tanto que as autoridades proibiram essa prática em 1507.

Fatur observa achados arqueológicos da Escandinávia que mostram o henbane sendo usado durante a Era Viking. Isso inclui o túmulo de uma mulher da Dinamarca, por volta do ano 980, que inclui uma bolsa de sementes de meimendro com roupas, joias e outros bens que sugerem que ela era sacerdotisa ou xamã.

Por que os vikings utilizavam henbane?

O artigo oferece essa análise de por que o henbane (Hyoscyamus niger) teria sido mais provável que os cogumelos (Amanita muscaria):

“Como discutido anteriormente, ambas as substâncias podem causar aumentos de força, nível alterado de consciência, comportamento selvagem/delirante, espasmos e vermelhidão da face, os quais foram associados aos vikings. O que faz do Hyoscyamus niger uma causa teórica mais convincente do estado de berserker, no entanto, são os sintomas adicionais que não são comumente vistos em intoxicações envolvendo Amanita muscaria. Além dos sintomas anteriores, os alcalóides do H. niger também têm efeitos de eliminar a dor, o que pode ser responsável por alguns dos relatos da suposta invulnerabilidade dos berserkers nórdicos”.

Fonte: GettyImages

Fatur também observa alguns outros efeitos que podem ter sido causados pelo henbane, o que foi observado em estudos sobre casos modernos do uso da planta. Isso inclui a incapacidade de reconhecer rostos (foi dito que os berserkers não eram capazes de distinguir amigos e inimigos na batalha), a remoção de roupas e a perda de pressão arterial, o que pode explicar por que os berserkers não perdiam muito sangue quando atingidos por lâminas. Existem alguns aspectos do comportamento do berserker que não podem ser explicados usando o henbane, a saber, o bater dos dentes e a mordida dos escudos. Fatur espera que pesquisas futuras tragam mais insights sobre este tópico.

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