Ciência
08/10/2020 às 10:00•2 min de leitura
Uma professora nova-iorquina de 77 anos acaba de ser anunciada pela Academia Sueca como a vencedora do prêmio Nobel de Literatura deste ano. A poeta Louise Glück, um nome pouco especulado, foi reconhecida pela “sua inconfundível voz poética, que com austera beleza torna universal a existência individual”, segundo a academia.
O secretário permanente da academia, Mats Malm, revelou que a poeta, residente em Massachusetts, mostrou-se surpresa com o anúncio. Ela é a sétima mulher a ganhar o prêmio de literatura neste século, e a 16ª desde que o Nobel foi concedido pela primeira vez, em 1901.
Louise Glück também foi vencedora do Prêmio Pulitzer, em 1993, por sua coletânea de poemas The Wild Iris. Ganhou também o National Book Award em 2014, além de outras homenagens como o Prêmio Gollington de Poesia em 2001, o Prêmio Wallace Stevens em 2008 e a Medalha Nacional de Humanidades, recebida em 2015 das mãos do então presidente Barack Obama.
A poesia de Glück é acessível e dispensa explicações críticas. Além disso, o inglês utilizado por ela pode ser lido facilmente, desde que se tenha um conhecimento básico da língua. O conteúdo, porém, é muitas vezes sofrido, abordando temas da existência humana como morte, infância e vida familiar.
Louise Glück aborda temáticas variadas, como infância, vida familiar e o eterno confronto entre ilusões e realidade. No comunicado à imprensa, o comitê afirma: “Ela busca o universal, e para isso procura inspiração nos motivos e mitos clássicos, presentes na maioria dos seus trabalhos”.
Personagens mitológicas vítimas de traição, como Perséfone e Eurídice passeiam pela poesia de Glück. Segundo a Academia Sueca, sua coletânea Averno, de 2006, é “magistral, uma interpretação visionária do mito da descida de Perséfone ao Inferno no cativeiro de Hades, o deus da morte”.
Em seu poema “Confissão”, ela revela:
“Dizer eu não sinto medo –
Louise Glück
Não seria honesto.
Sinto medo da doença, da humilhação.
Como todo mundo, tenho os meus sonhos.
Mas aprendi a escondê-los,
Para me proteger
Da realização: toda felicidade
Atrai a fúria das Sinas.
Elas são irmãs, selvagens –
No final, não há
Emoção, mas inveja.”