Estilo de vida
07/06/2021 às 04:02•2 min de leitura
A partir de 1914, com o rompimento da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos estabeleceram o termo “inimigo estrangeiro” para se referirem a todo cidadão imigrante — ou que possuía ascendência — de um dos países com quem estivessem em guerra. Essas pessoas, imediatamente, foram caçadas, presas ou até mortas pelas autoridades, bem como desprezadas pelos cidadãos.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os japoneses e nipo-americanos foram confinados em campos de concentração pelo presidente Roosevelt nos Estados Unidos, junto com alemães e ítalo-americanos. O termo "inimigo estrangeiro" se referia apenas a cidadãos não americanos que não eram dos países do Eixo, portanto solicitar a cidadania por leis de naturalização baseadas em raça foram suspensas, visto que o termo mudou de "residente" para "inimigo".
No total, mais de 10.905 ítalos-americanos e 110 mil nipo-americanos foram confinados em campos por todo o país. Sendo que os germano-americanos foram separados em mais campos, localizados em 50 áreas diferentes.
(Fonte: Canadian History/Reprodução)
Entre 1914 e 1920, sob a autoridade da Lei Federal de Guerra (WMA), o Canadá prendeu 8.579 estrangeiros "inimigos" dos Estados em guerra com o país, em cerca de 24 estações e campos de concentração. Uma vez lá, eles precisavam dar conta de projetos de mão de obra babilônicos, como o desenvolvimento do Parque Nacional de Banff, e operações de mineração e extração de madeira. A maioria deles recebia apenas US$ 0,25 por dia. Todos foram privados de seus direitos civis, e a lei constitucional não se aplicava dentro dos campos.
Sir William D. Otter, um dos soldados mais reconhecidos do Canadá, comandou a operação da maioria dessas instalações, que foram estabelecidas em áreas rurais. Nos documentos do governo, ele contabilizou 3.138 prisioneiros de guerra, enquanto os demais ele classificou como "civis".
A maioria deles eram de ascendência ucraniana, visto que o país estava dividido entre a Rússia e o Império Austro-Húngaro, que era inimigo do Império Britânico. Mais de 80 ucranianos foram obrigados a apresentarem documentos na compra de qualquer coisa e comparecer aos escritórios da polícia diariamente.
(Fonte: The Canadian Encyclopedia/Reprodução)
A aura de histeria causada pela guerra e a xenofobia velada foram os principais fatores que embasaram a política de internamento. Pelo menos no Canadá, não existiu nenhuma ameaça concreta de sabotagem interna por meio de algum simpatizante do inimigo, tampouco de cidadãos comuns que em nada tinham a ver com aquele cenário.
No entanto, o internamento marcou fundo a relação histórica entre os ucranianos-canadenses, que se sentiram traídos pelo país. Só 2005, após anos de campanha popular, que o governo do Canadá reconheceu formalmente as cicatrizes que o aprisionamento causou durante a Primeira Guerra Mundial, passando a negociar as questões de reparação histórica com a comunidade ucraniana-canadense.