Lei Seca nos EUA: quando o álcool foi banido por 13 anos do país

31/08/2021 às 02:003 min de leitura

As décadas de 1820 e 1830 nos Estados Unidos foram marcadas pelo revivalismo religioso, um conceito sociocultural que buscou resgatar princípios e tradições de tempos passados, e os pedidos por temperança, ou seja, o autocontrole e a moderação dos próprios desejos.

Na época, as mulheres, que reforçavam a necessidade das virtudes do movimento de temperança, enxergavam o álcool como uma força destrutiva nas famílias e nos casamentos, principalmente porque "incitava" a malícia de seus maridos e os mantinha afastados de casa por muito tempo.

Sendo assim, em meados de 1838, no estado de Massachusetts foi aprovada uma lei de temperança proibindo a venda de bebidas destiladas em quantidades inferiores a 15 galões. Muito embora a lei tenha sido revogada 2 anos depois, ela abriu precedentes para a existência de tal legislação.

Começando com o Maine, em 1846, vários estados seguiram o exemplo instaurando leis mais rígidas sobre qualquer tipo de bebida alcoólica, chegando ao seu ápice em 1861, início da Guerra de Secessão no país.

Proibido beber

(Fonte: Britannica/Reprodução)(Fonte: Britannica/Reprodução)

Com a virada do século, em 1906, a Liga Anti-Saloon (fundada em 1893), impulsionada pela reação direta ao crescimento urbano que afastava os princípios da temperança, passou a atacar diretamente a venda de bebidas alcoólicas. Então, a organização se apoiou no surgimento do protestantismo evangélico e na visão de que os saloons eram sujos e ímpios, causando a ruína do ser humano aos poucos.

Quando os Estados Unidos (EUA) entraram para a Primeira Guerra Mundial, em 1917, o então presidente Woodrow Wilson reforçou a proibição total da venda de alcoólicos para economizar grãos para a produção de alimentos. No mesmo ano, o congresso apresentou a 18ª Emenda Constitucional, que proibiu em definitivo a fabricação, o transporte e a venda de bebidas alcoólicas em todo o país.

(Fonte: BBC/Reprodução)(Fonte: BBC/Reprodução)

Apesar de o congresso ter estipulado um limite de 7 anos para o trâmite legal do processo, a emenda recebeu o massivo apoio de três quartos necessários dos estados do país em menos de 1 ano.

Sendo assim, em 16 de janeiro de 1919, a lei foi ratificada e entrou em vigor 1 ano depois, com 33 dos 50 estados americanos que já haviam promulgado a própria legislação de proibição. Em outubro do mesmo ano, o congresso aprovou a Lei Nacional de Proibição, fornecendo diretrizes para a aplicação federal da Lei Seca.

Do gim de banheira ao crime organizado

(Fonte: BBC/Reprodução)(Fonte: BBC/Reprodução)

Os governos federais e locais se empenharam para fazer cumprir a nova lei ao longo de toda a década de 1920, aplicada com mais força em áreas onde a população simpatizava com a legislação, como áreas rurais e pequenas cidades, mais do que nos grandes centros urbanos.

E, apesar de a lei ter apresentado um vago sucesso com a queda momentânea nos números de prisões por embriaguez e em 30% do consumo de álcool, quem quis continuar bebendo encontrou centenas de maneiras criativas de fazer isso por meio do contrabando. A fabricação e a venda ilegais aconteciam em bares clandestinos, lojas, boates e até em residências, tornando famoso o "gim de banheira".

A Lei Seca também teve impacto direto na atividade criminosa da máfia, gerando mais de US$ 60 milhões para o famoso Al Capone, que gerenciou operações piratas e clandestinas que alimentaram significativo aumento na violência entre gangues, incluindo o notório Massacre do Dia dos Namorados, em Chicago, no ano de 1929.

A medida provou que só afetava a classe trabalhadora, visto que o alto preço do licor ilegal significava que os americanos de classe média ou alta poderiam ter acesso. No final da década de 1920, o apoio à Lei Seca diminuiu exponencialmente, enquanto o número de violência aumentava. Além disso, as forças fundamentalistas e nativistas sobrepujaram o controle do movimento da temperança, alienando seus membros mais moderados em relação à lei.

(Fonte: Time Magazine/Reprodução)(Fonte: Time Magazine/Reprodução)

Quando os EUA afundaram de vez no atoleiro, que foi a Grande Depressão de 1932, a criação de empregos e a geração de lucros para a economia estilhaçada do país tiveram que ser feitas por meio da legalização da indústria de bebidas alcoólicas.

Em fevereiro de 1933, a lei foi revogada após o democrata Franklin D. Roosevelt assumir a presidência de Herbert Hoover, que encarava a Lei Seca como “um grande experimento social e econômico, nobre em motivos e de longo alcance em propósitos”.

Para esse pensamento do derrotado Hoover, Roosevelt respondeu celebrando o fim da Lei Seca saboreando um Martini de seu gabinete presidencial.

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