Ciência
11/09/2021 às 13:00•2 min de leitura
Há alguns dias, o perfil @philosopop do Twitter compartilhou uma curiosidade muito inusitada: a Nova Zelândia construía depósitos com mantimentos em suas ilhas, para que barcos a deriva pudessem se manter até conseguir resgate. Eu não fazia ideia disso, fiquei bastante intrigado e fui saber mais sobre essa história para informar você, leitor do Mega.
O que acontecia era o seguinte: a Nova Zelândia fica muito longe da Europa e bem ao sul do planeta, de modo que a rota marítima para fazer comércio com a ilha era complicadíssima. Era comum que navios tivessem problemas no caminho, especialmente porque a rota, na época, passava pelo Oceano Antártico. Aconteceram vários naufrágios em que algumas pessoas até sobreviviam ao acidente inicial, mas morriam antes de outro navio resgatá-las.
Foi a partir desses casos que o governo da Nova Zelândia teve a ideia de deixar mantimentos nas ilhas — para que as pessoas pudessem viver até outro navio tirá-las de lá.
Os primeiros depósitos para náufragos nas ilhas da Nova Zelândia foram construídos nos anos 1860. Eram pequenas cabanas que guardavam comida em lata e biscoitos, equipamentos para pesca e armas para caça, remédios e roupas, entre outros itens que auxiliavam os náufragos a sobreviverem na ilha. Além disso, animais eram soltos nos locais para procriar — e, quem sabe, servir de alimento para quem passasse por lá.
Em todas as ilhas, havia sinalização indicando onde procurar pelo depósito para náufragos. Em outras ilhas, o governo não construiu o depósito completo, porém deixou ferramentas para os náufragos conseguirem navegar até a ilha onde essa estrutura maior estava. Foi assim que os sobreviventes do navio Derry Castle sobreviveram por quatro meses em 1887.
Alguns depósitos eram pequenas cabanas, com mantimentos básicos (Imagem: Governo da Nova Zelândia)
Outros eram casinhas um pouco maiores, com mais equipamentos (Imagem: Governo da Nova Zelândia)
As ilhas tinham sinalizações para ajudar os náufragos a encontrarem o depósito (Imagem: Governo da Nova Zelândia)
Além de construir os depósitos para náufragos, a Nova Zelândia fazia inspeções a cada seis meses pelas ilhas, para se certificar de que eles estavam em boas condições — e saber se não havia gente precisando de resgate, é claro. Para aproveitar a viagem, os navios de manutenção também levavam expedições científicas às ilhas. Há até marcações nas cascas de árvores, para relembrar as datas de algumas dessas expedições.
Entre as últimas décadas do século XIX e meados do século XX, pelo menos nove naufrágios tiveram sobreviventes por causa dos depósitos para náufragos da Nova Zelândia. A partir da década de 1930, o governo deixou de mantê-los abastecidos, já que a comunicação via rádio para pedir resgate estava mais desenvolvida e eles não eram mais necessários. Contudo, eles são preservados até hoje como registro histórico e ponto turístico.