Estilo de vida
11/11/2021 às 09:30•2 min de leitura
Arqueólogos identificaram, em um subúrbio da antiga cidade romana de Pompeia, uma sala perfeitamente intacta que supostamente abrigava escravos há pouco mais de 2 mil anos. O quarto se localiza nas ruínas de uma vila conhecida como Civita Giuliana, situada a pouco mais de 700 metros das muralhas do distrito, e revela um pouco mais as relações entre castas sociais durante a Idade Antiga.
Segundo os pesquisadores, o quarto de aproximadamente 17 metros quadrados era ocupado por uma pequena família responsável por executar as atividades diárias de seu mestre, incluindo a preparação e a manutenção da carruagem. No local, havia 3 camas feitas de cordas e tábuas, uma delas de criança, além de um único penico compartilhado. O aposento recebia luz natural de apenas uma fonte: uma pequena janela como ponto decorativo no local.
Além de ter muitos fragmentos de jarros, itens pessoais e uma arca de madeira contendo peças de metal e tecido, aparentemente utilizadas como arreios de cavalos, a área também estava cercada por um poço de carruagem, indicando que o mestre residencial da vila de Civita Giuliana poderia ser um mercador ou alguém com amplo movimento pelas ruas de Pompeia.
(Fonte: Ministero della cultura / Reprodução)
“O mais impressionante é a natureza apertada e precária deste cômodo, que fica entre um dormitório e um depósito”, disse Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico de Pompeia. “É certamente uma das descobertas mais emocionantes da minha vida como arqueólogo, mesmo sem a presença de grandes 'tesouros'. O verdadeiro presente aqui é a experiência humana — neste caso, dos membros mais vulneráveis da sociedade antiga — da qual esta sala é um testemunho único”, ele falou.
Desde 2017, escavadores vêm trabalhando nas ruínas de Civita Giuliana. Desde então, uma carruagem cerimonial e um estábulo que continha os restos mortais de três cavalos atrelados foram identificados, assim como registros de 2 pessoas nas imediações do quarto de escravos, que provavelmente eram mestre e servo que conseguiram escapar da fase inicial da erupção do Vesúvio, mas que acabaram atingidos em um momento seguinte por uma nova explosão.
(Fonte: Ministero della cultura / Reprodução)
Apesar de estar situada em região suburbana, a pequena vila supostamente pertencia a algum cidadão rico, sendo densamente povoada por complexos de assentamentos que respondiam tanto às necessidades de produção (fazendas para a produção de vinho e azeite) quanto às necessidades residenciais ou sazonais de permanência temporária do proprietário. Dessa forma, o achado aponta importantes documentações das relações sociais em Pompeia e de que forma o setor produtivo-servil operava para fornecer matéria ao meio agrícola.