Artes/cultura
18/11/2021 às 06:30•2 min de leitura
Se você viu o noticiário nos últimos dias ou acessou suas redes sociais, provavelmente deve ter lido algo sobre o Touro de Ouro inaugurado pela B3, Bolsa de Valores do Brasil, no centro histórico de São Paulo. Polêmicas, piadas e memes à parte, sabia que essa escultura foi inspirada no Touro de Wall Street, um dos mais famosos e icônicos símbolos do mercado financeiro?
(Fonte: The Wall Street Experience/ Reprodução)
Apesar de ser popularmente conhecida como "Touro de Wall Street", a escultura estadunidense, na verdade, se chama Charging Bull. No entanto, o apelido é mais que conveniente, já que a peça foi exibida originalmente em frente à Bolsa de Valores de Nova York.
É bem possível que a maioria das pessoas pense que o Charging Bull foi encomendado pela bolsa, por algum investidor, ou comprado pela cidade. Porém, a obra foi concebida como uma arte de guerrilha. Essa linha artística parte da ideia de criar e/ou exibir itens de arte em espaços públicos, geralmente sem permissão e quase sempre de forma anônima. Além disso, o cenário onde a peça surge costuma complementar a mensagem que o seu criador deseja passar.
A história do Charging Bull começou com Arturo Di Modica, um exímio escultor italiano que teve a ideia de criar a obra, em 1987, em alusão à queda da bolsa de valores. Segundo Modica, o principal objetivo de sua peça era dar à cidade um símbolo que evidenciasse a força e o poder dos cidadãos estadunidenses.
A escultura do italiano é composta de várias peças, soldadas e trabalhadas por meio de lixas e polimento. Entre o processo de criação e instalação do touro, a estimativa é de que foram gastos 360 mil dólares.
Em 15 de dezembro de 1989, no melhor estilo de arte de guerrilha, Di Modica colocou sua obra em cima da carroceria de um caminhão, transportando-a para Mahattan e, de forma completamente ilegal, colocou a escultura na parte externa da Bolsa de Valores de Nova York. Ele pensou que ela ficaria bem embaixo da enorme árvore de natal da Broad Street e que os nova-yorkinos encarariam como uma espécie de presente.
A ideia de Di Modica com o Charging Bull foi interessante, contudo, mesmo sendo um símbolo de poder e prosperidade, o pessoal da Bolsa de Valores não encarou bem a situação. Deu polícia no lugar e, no mesmo dia em que foi exibido o touro, também foi removido para um depósito.
Imagem: Shutterstock
Apesar disso, a população gostou da iniciativa e exigiu que a escultura fosse devolvida. A cidade de Nova York concordou, mas definiu um novo local, sendo a duas quadras da bolsa.
O touro brasileiro foi criado pelo artista plástico Rafael Brancatelli sob encomenda do economista Pablo Spyer, como um presente para a cidade e o mercado financeiro.
A B3 diz que o Touro de Ouro no centro de São Paulo visa representar a resiliência e a força dos brasileiros. E, como era de se esperar, teve quem gostou e quem odiou a escultura.
Touro de Ouro brasileiro já foi alvo de intervenções e críticas. (Fonte: Isto é/ Twitter/ Reprodução)
Entre os críticos, estão aqueles que apontam que o Brasil está em meio a uma grave crise econômica, com preços exorbitantes da cesta básica, combustível e energia, bem como com os níveis de pobreza e fome aumentando. Sendo assim, não faria sentindo algum uma escultura voltada ao mercado financeiro e à prosperidade de poucos quando a população, em sua maioria, sofre diariamente para sobreviver.