Artes/cultura
12/02/2022 às 09:00•3 min de leitura
Este ano completam-se 100 anos de um dos maiores eventos culturais da história do Brasil. A Semana de Arte Moderna de 1922, ocorrida entre 13 e 17 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, foi fundamental nos rumos que a arte e a cultura percorreriam no século seguinte. O ano foi intencionalmente escolhido: 1922 era o aniversário do centenário da Independência do Brasil.
Os artistas que organizaram o evento inspiraram-se nas vanguardas europeias para propor uma iniciativa ambiciosa: inaugurar uma estética genuinamente brasileira, em que as referências externas fossem “digeridas” para fazer nascer uma arte nacional.
O trabalho dos modernistas brasileiros se estendeu para várias áreas das artes, como a pintura, a literatura e o teatro. Por isso, preparamos uma lista de alguns dos artistas importantes da Semana de Arte Moderna de 22, a partir de suas contribuições ao movimento e sua participação no evento.
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(Fonte: Terravista Brasil)
A artista plástica Anita Malfatti teve uma participação muito marcante na Semana de 22, expondo 20 telas diferentes. Com formação artística europeia, Anita foi a artista mais massacrada pela crítica da época, por conta de seu estilo único — caracterizado pelas cores intensas, figuras com elementos deformados e uso de linhas contrastantes. Algumas de suas obras mais famosas é O homem amarelo (1917), representação de um imigrante italiano, e A mulher de cabelos verdes (1916).
Màrio de Andrade. (Fonte: Mega Curioso)
Mário de Andrade participou ativamente da Semana de 22 e foi um dos grandes intelectuais que articularam as premissas do movimento modernista no Brasil. Considera-se, inclusive, que o Modernismo se inaugura a partir de um livro de poemas de Andrade, chamado Pauliceia Desvairada, de 1922.
Sua grande obra, no entanto, é o romance Macunaíma, publicado em 1928. O livro mistura elementos das culturas indígena e afro-brasileira para contar a história de Macunaíma, o “herói sem nenhum caráter”, um indígena nascido na Floresta Amazônica que viaja até São Paulo para recuperar um amuleto. Embora tenha um caráter nacionalista, a obra faz uma leitura bastante crítica do país.
Oswald de Andrade. (Fonte: Mega Curioso)
É praticamente impossível pensar na Semana de 22 sem mencionar o militante político e agitador cultural Oswald de Andrade. Isto porque ele foi um dos grandes agitadores do movimento que deu origem ao evento. Escreveu vários manifestos que trouxeram base ao Modernismo — dentre eles está o Manifesto Pau-Brasil, de 1924. Dentre suas obras, estão poemas, romances e peças de teatro.
Manuel Bandeira. (Fonte: Mega Curioso)
Poeta, cronista, professor e tradutor: Manuel Bandeira é um dos nomes mais importantes da literatura brasileira. Já com uma carreira consolidada, ele aproximou-se de Oswald de Andrade e Mário de Andrade e identificou-se com as propostas revolucionárias do Modernismo.
Bandeira participou da Semana de 22 com um poema chamado Os sapos, no qual criticava o parnasianismo, estilo marcante daquela época. No entanto, a apresentação do texto foi vaiada pelo público.
(Fonte: Ebiografia)
Emiliano Augusto Cavalcanti, conhecido como Di Cavalcanti, foi um dos idealizadores da Semana de 22. O pintor desenvolveu uma obra bastante reconhecida pela crítica — por exemplo, foi premiado como o melhor pintor brasileiro na Bienal de São Paulo, em 1953. Seus quadros tinham como marca a representação de festas populares, com elementos como favelas e a presença de operários, sempre numa perspectiva alegre.
Heitor Villa-Lobos. (Fonte: Mega Curioso)
Multi-instrumentista, Villa-Lobos é conhecido como um dos grandes músicos da história brasileira. Sua obra é peculiar pois conseguiu transpor a cultura nacional para dentro da música clássica, como na série de composições Bachianas Brasileiras. Ele tocou durante todos os dias que a Semana de 22 no Teatro Municipal de São Paulo.
(Fonte: UOL)
Por fim, um bônus: Tarsila do Amaral é um dos nomes mais proeminentes das artes plásticas no Brasil. Mas não participou da Semana de 22 por uma razão: ela estava em Paris nesta época. Mesmo assim, seu nome entra na lista pois ela se juntaria posteriormente ao grupo e se tornaria um dos símbolos do Modernismo. Curiosamente, nesta época, ela era casada com Oswald de Andrade.