Estilo de vida
29/03/2022 às 10:00•2 min de leitura
Uma pedra esmeralda de cerca de 400 quilos, retirada da Serra da Carnaíba, na Bahia, passou anos trancada um cofre localizado em Los Angeles, no estado norte-americano da Califórnia. O tamanho da pedra é mais ou menos o de um frigobar. A grande questão é que ninguém sabia quem era o seu dono.
A história cinematográfica da Esmeralda Bahia envolve mentiras, traições, e até um furacão. A pedra foi encontrada em 2001 no povoado da Marota, na Bahia, e foi avaliada em cerca de US$ 400 milhões — aproximadamente R$ 1,9 bilhão.
O governo brasileiro entrou na briga pela posse da pedra desde 2011, alegando que a esmeralda teria sido extraída ilegalmente no território brasileiro e contrabandeada para os Estados Unidos. Em 2014, a Advocacia Geral da União (AGU) tentou interromper o julgamento sobre a pedra. A disputa colocada pelo governo era contra uma empresa americana chamada FM Holdings.
(Fonte: El País)
A AGU contratou um advogado americano para intervir na corte que julga o processo. O objetivo era defender os interesses brasileiros e "repatriar" a pedra. Mas como ela foi parar nos Estados Unidos?
A história dessa pedra, segundo a AGU, envolve o comércio ilegal de bens minerais entre os países. O diretor substituto do Departamento Internacional da AGU, Marconi Costa Melo, chegou a afirmar que "essas vendas acontecem sem nenhuma titularidade e os valores que são colocados são bem irrisórios". Por isso, a disputa pela esmeralda tinha também o objetivo de servir de exemplo e coibir este tipo de prática.
Há pelo menos três versões sobre a venda da pedra. A primeira delas é contada por Darcy Carvalho, um comerciante de pedras preciosas em Campo Formoso, na Bahia. Ele teria comprado a Esmeralda Bahia por 10 mil reais e a vendido por 45 mil.
A segunda versão, investigada pela justiça americana, é a dos comerciantes brasileiros Elson Ribeiro e Ruy Saraiva Filho. Ribeiro alega que a pedra pertencia à sua família, e que, de suas terras na Bahia, ela teria sido levada para São Paulo, onde foi vendida para o americano Anthony Thomas. A compra teria saído por cerca de 190 mil reais, mas a pedra nunca foi entregue na Califórnia, conforme o combinado.
A intermediação desta venda havia sido feita por outro americano, chamado Keneth Conetto. Segundo Thomas, que alegava ser o dono da pedra, Keneth teria dito que a pedra havia sido roubada durante o trajeto do aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas.
(Fonte: UOL)
Depois de desaparecer, a pedra teria sido levada para Nova Orleans, onde se perderia em 2005, por conta do furacão Katrina. Ela estava trancada em um cofre que foi inundado, o que deixou a pedra presa no subsolo. Posteriormente, ela foi resgatada por mergulhadores e roubada por mafiosos, que a levaram para Las Vegas.
Em 2008, a pedra foi descoberta em Vegas por dois detetives americanos, Mark Gayman e Scott Miller. Segundo os policiais, por ter sido reivindicada por várias pessoas e empresas, ela foi deslocada para Los Angeles. Foi aí que Anthony Thomas, o suposto comprador, viu a notícia da pedra apreendida e desconfiou que pudesse ser a sua Esmeralda Bahia. Ele começou a acusar o ex-amigo Keneth Conetto de ter sumido com a pedra e ter queimado a sua casa, o que levou à destruição de um documento que comprovaria a sua propriedade.
Havia, por fim, uma terceira versão que foi investigada pela justiça americana, relatada pelos sócios da FM Holdings. Eles alegaram ter comprado a Esmeralda Bahia em 2009, em Las Vegas.
(Fonte: Pedras Preciosas)
Em 2015, a disputa da pedra foi resolvida e, infelizmente, o Brasil não foi o vencedor. A justiça americana decidiu favoravelmente à FM Holdings, encerrando assim a odisseia da Esmeralda Bahia.
Independente do resultado deste julgamento, e do fato de que não conseguimos recuperar um tesouro nacional, uma coisa é certa: sua história é tão maluca que daria um bom filme.