Artes/cultura
30/03/2022 às 12:00•3 min de leitura
Não eram fantasmas, tampouco surtos psicóticos dos membros da Academia, a responsável pela organização do Oscar. Ao longo da história, seis pessoas que não existiam receberam indicações a uma estatueta.
Cada uma tem uma história por trás, como excentricidade e censura, por exemplo. Outros simplesmente não tinham interesse em ver seu nome ligado à obra. Ficou curioso? Então nos acompanhe nessa jornada para conhecer um poucos sobre o que está por trás dessas inusitadas nomeações.
Robert Rich era, na verdade, Dalton Trumbo (Fonte: Wikimedia Commons)
Durante o período conhecido como Guerra Fria, Hollywood possuía uma lista negra de profissionais do cinema que eram considerados comunistas. Quem entrasse nessa lista dificilmente conseguiria trabalhar.
Dalton Trumbo, que já teve sua história contada no cinema, foi um destes casos. Por essa razão, o roteirista não foi creditado no longa-metragem Arenas Sangrentas, de 1956, tendo sido escolhido por inserir um dos pseudônimos de Trumbo, Robert Rich. Venceu o Oscar de melhor história original daquele ano.
Pierre Boulle era, na verdade, Carl Foreman e Michael Wilson (Fonte: Wikimedia Commons)
O que contamos no caso acima também é parte da explicação aqui. Isso porque, em A Ponte do Rio Kwai, o nome que foi para os créditos como sendo responsável pelo roteiro foi o de Pierre Boulle, que de fato existia e tinha escrito o romance que inspirou o longa-metragem.
Acontece que os responsáveis por adaptar o texto para o cinema foram Carl Foreman e Michael Wilson, que também estavam na lista negra de Hollywood como comunistas. Tentando corrigir o feito, a Academia ofereceu um Oscar póstumo em 1985.
Nathan E. Douglas era, na verdade, Nedrick Young (Fonte: Reprodução/TCM)
A perseguição ideológica foi firme e forte durante os anos 1950. E prova disso é que outro roteirista premiado precisou utilizar um pseudônimo para que o filme fosse produzido. Acorrentados, que tem uma das clássicas atuações de Sidney Poitier, foi escrito por Nedrick Young.
Como estava com seu nome na lista negra de Hollywood, para a liberação da produção da obra, inventaram o nome Nathan E. Douglas, que saiu vencedor em 1958. A Academia só corrigiu o problema em 1993, oferecendo-lhe crédito pelo roteiro.
PH Vazak era, na verdade, Robert Towne (Fonte: Wikimedia Commons)
PH Vazak foi o primeiro, e único, cão a ser indicado a um Oscar. É piada, mas também é verdade. Isso porque o nome foi retirado do cão de Robert Towne, o verdadeiro autor do roteiro de Greystoke - A Lenda de Tarzan, de 1984.
Tudo ocorreu porque Towne estava insatisfeito com as alterações em seu trabalho que foram conduzidas pelo diretor do longa-metragem, e optou por não ter seu nome creditado. É um caso que só não foi mais curioso por Greystoke não ter vencido a estatueta. Já imaginou, o discurso de um cachorro?
Roderick Jaynes era, na verdade, os irmãos Coen (Fonte: Reprodução/Rolling Stone)
Nunca diga que um raio não cai duas vezes num mesmo lugar, porque o nome Roderick Jayner é prova de que isso pode ocorrer. Agora, é importante explicar que Jayner é, na realidade, um pseudônimo dos irmãos Coen, indicados pelo trabalho de edição em Fargo e Onde os Fracos Não Têm Vez, tendo vencido por esse segundo.
A dupla edita seus próprios filmes e, sem nenhum grande motivo, passaram a assinar como Jaynes. A história fica melhor quando você descobre que esta pessoa que não existe foi indicada em uma lista do portal Entertainment Weekly como uma das pessoas mais inteligentes de Hollywood.
Donald Kaufman era, na verdade, Charlie Kaufman (Fonte: Reprodução/WSJ)
Charlie Kaufman é um dos roteiristas mais premiados e aclamados de Hollywood, mas um bloqueio criativo durante a adaptação de The Orchid Thief, romance de Susan Orlean, para o cinema.
Donald Kaufman, o alter ego de Charlie, foi indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado, mas isso levou à súbita e trágica "morte" do roteirista. A história é tão curiosa que Charlie Kaufman escreveu um roteiro sobre isso, que resultou no filme Adaptação, também indicado ao Oscar. Não levou, mas entrou para a história.