A guerra dos VHS: quando as fitas quase foram proibidas nos EUA

29/04/2022 às 13:032 min de leitura

Foi em meados de 1997 que chegaram às lojas dos Estados Unidos os primeiros aparelhos de DVD (Digital Versatile Disc), que prometiam mudar a indústria de filmes para assistir no conforto do lar. A Warner saiu na dianteira e lançou 30 títulos no novo formato, incluindo o famoso filme Twister, enquanto as demais produtoras relutaram, em sua maioria preocupadas que os padrões de proteção de direitos autorais recém-adotados para o DVD não fossem bons o suficiente.

Mas não demorou muito para que o novo tipo de mídia se tornasse popular e fizesse sucesso entre os consumidores, vendendo só em 2002 mais de 80 milhões de aparelhos DVD nos EUA, tornando-se o dispositivo eletrônico de consumo mais rápido de todos os tempos.

Em junho de 2003, quando o aluguel de DVDs nas locadoras de filmes ultrapassou pela primeira vez o de VHS (Video Home System), ficou marcada a derrocada do estilo que fez um sucesso estrondoso durante a década de 1980, tanto que quase chegou a ser proibido pela Suprema Corte dos EUA.

O problema do sucesso

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Gravar programas ou filmes que passavam na grade da televisão era um hábito que fazia parte da cultura norte-americana do século passado, quando usar os gravadores de videocassete era a melhor maneira de não ficar preso à grade televisiva — fora a oportunidade de poder rever por várias vezes.

E isso só foi possível com a invenção dos videocassetes, que chegaram nos EUA no Natal de 1975 sob o nome de Betamax, após serem lançados pela gigante Sony no Japão, mesmo sem saber se haveria mercado para gravadores de vídeo domésticos. Ele competiu com o formato VHS da JVC, que possuía um tempo de execução maior sobre o Betamax, além de ser mais barato.

(Fonte: The New York Times/Reprodução)(Fonte: The New York Times/Reprodução)

Enquanto começou uma guerra mercadológica entre as duas empresas para saber quais produtos seriam mais adotados pelos americanos, a indústria de Hollywood entrou em pânico sob à possibilidade de que os consumidores fossem capazes de gravar os filmes à vontade, corrompendo direitos autorais e prejudicando os lucros dos estúdios.

Tentando fazer os produtos serem impedidos, a Universal City Studios moveu uma ação judicial contra a Sony Corporation of America.

A guerra

(Fonte: Reddit/Reprodução)(Fonte: Reddit/Reprodução)

A princípio, o caso foi levado ao Tribunal Distrital dos EUA, com a Universal alegando que a Sony era responsável pelas supostas violações de direitos autorais devido às fitas Betamax, que estariam sendo usadas para gravar programas e filmes dos estúdios. Isso foi chamado time-shifting, o ato de um telespectador gravar um programa para uso pessoal com a intenção de assisti-lo depois.

O processo foi arquivado em 1976, porém reaberto e contestado até que chegasse na Suprema Corte, em 1983. Em janeiro do ano seguinte, o juiz decidiu que o time-shifting não violava as leis de direitos autorais, dando a causa ganha para a Sony.

A decisão foi fundamental para o futuro da eletrônica de consumo no mundo, bem como o surgimento de novas mídias digitais de reprodução de vídeo.

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