Estilo de vida
28/05/2022 às 08:00•3 min de leitura
Filha única do Visconde da Pedra Branca, Luisa Margarida teve uma vida ativa. Conhecida como Condessa de Barral, é considerada uma mulher à frente de seu tempo, cujo perfil independente e audacioso não pode (nem deve) ser sublimado por ter sido a grande paixão de Dom Pedro II.
Nascida na Bahia, a condessa cresceu em um engenho, mudou-se para estudar na Europa e, ao voltar ao Brasil, serviu à Corte francesa e a brasileira. Sua vida ímpar foi digna de uma biografia escrita pela historiadora Mary Del Priore, a obra Condessa de Barral: a paixão do imperador. Confira alguns fatos marcantes sobre sua vida.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Filha única, a Condessa do Barral cresceu no engenho do pai, em Santo Amaro, na Bahia. Porém, muito jovem foi enviada à França para concluir os estudos. Foi nesse período que conheceu e definiu seu marido, que era, vejam só, primo de 5º grau de ninguém menos que Napoleão Bonaparte.
É até difícil explicar a ligação, já que há muitos elos. Contudo, era (mais ou menos) assim: Eugênio era patente do Visconde de Beauharnais, marido de Josefina de Beauharnais, esposa de Napoleão. E nem vamos nos atrever a falar o resto da árvore genealógica, pois daria um nó na cabeça de qualquer um.
(Fonte: Wikimedia Commons/TV Globo)
Luísa, nossa querida Condessa, também ganhou uma representação em um dos maiores produtos culturais do Brasil. Ela foi personagem de uma novela da TV Globo: Nos Tempos do Imperador.
Interpretada pela atriz Mariana Ximenes, sua história na novela teve importantes mudanças, especialmente seu desfecho. Na trama global, Luísa morre após contrair cólera, sendo que, na realidade, foi vítima de pneumonia.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Um dos fatos muito curiosos a respeito de Luísa Margarida é que ela, como já citamos, era uma mulher à frente de seu tempo. Um dos fatos que comprova a afirmação é que ela, diferente do que acontecia à época, escolheu seu próprio marido, o nobre Eugênio da foto acima.
E, não bastasse, optou por um homem que possuía um título da nobreza, mas não era rico: a Condessa estava apaixonada mesmo por seus lindos olhos azuis. Ainda por cima, o Conde era um homem de idade próxima, quebrando o padrão de jovens casarem com homens idosos de grande poder.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Não foi apenas o pai, Domingos Borges de Barros, que defendeu a abolição, mas a própria Luísa Margarida. Criada em uma família cujos homens eram membros da Maçonaria, os ideias de defensa do fim da escravatura logo foram apropriados pela futura Condessa.
De acordo com a historiadora Mary Del Priore em entrevista ao Metro1, quando o pai retorna de Lisboa, torna "boa parte de seus escravos livres". Organizadora de uma exposição sobre a Condessa, a historiadora Maria Celi Chaves Vasconcelos defendeu, em entrevista ao site da Faperj, a mesma ideia.
Inclusive, Maria Celi afirmou à Faperj que seria Luísa Margarida, nossa nobre Condessa de Barral, uma das responsáveis por influenciar a princesa Isabel a assinar a lei Áurea.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Aliás, ter sido preceptora das princesas e tê-las influenciado em ações tomadas na vida mostra a forte presença da Condessa de Barral na família de Dom Pedro II. Dados históricos indicam que as vidas dela e do Imperador se cruzaram por longos 34 anos.
Existem documentos registrados (e mostrados na exposição que comentamos no item acima) que mostram trocas de cartas entre Luísa e as filhas de Dom Pedro II, indicando o apreço, o carinho e a influência exercida na vida delas — e, claro, na do próprio Imperador.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Quando da Proclamação da República, Luísa rumou à Europa com a família real, em um claro indicativo da lealdade para com seus membros. Em sua passagem pela França, o próprio Dom Pedro II foi recebido pela nobre em sua residência, na área rural do país.
A Condessa de Barral viveu seus últimos dias na Europa, até falecer, em janeiro de 1891, vítima de pneumonia quando tinha 74 anos. Se houve ou não um romance entre eles, a nós não cabe o tema, mas fica a curiosidade de que Pedro faleceu alguns meses depois, também em Paris.