Os controversos hábitos de higiene no Velho Oeste

22/06/2022 às 11:003 min de leitura

Do uso de sanguessugas e até ópio em medicamentos, o Velho Oeste americano do século XIX, com seus ventos abundantes, sol a pino e pradaria estéril de pura areia, ficou enraizado na cultura popular como um lugar esquecido. Se nem o uso de remédios menos rudimentares chegava ao local, imagine hábitos que deveriam ser comuns, como a higiene regular.

Demorou até meados de 1887 para que manuais, iguais o The Happy Home Guide, explicar de maneira científica para as pessoas que elas deveriam lavar toda a superfície do corpo com água e sabão pelo menos uma vez por semana, porque antes, disso, elas simplesmente acreditavam que a prática do banho removia os óleos protetores necessários para manter sua pele saudável.

A sujeira começava em casa

(Fonte: Elena Sandidge/Reprodução)(Fonte: Elena Sandidge/Reprodução)

Como o problema da falta de higiene no Velho Oeste começava pelas casas devido à maneira como os donos lidavam com sua manutenção, era de se esperar que a limpeza com o corpo também deixasse a desejar.

Havia o costume dos fazendeiros de Iowa, por exemplo, lançarem a água da louça suja e gordurosa no chão como uma tática para manter a poeira do piso assentada. Não era comum que os pratos de uma refeição fossem lavados, nem minimamente, mas sim mantidos sujos para o almoço ou jantar, com a ideia de que isso minimizaria desgastes, visto que sujaria de novo.

Com esse tipo de ideia sobre limpeza, os germes se tornaram um problema recorrente na vida cotidiana no Velho Oeste, certamente contribuindo para disseminação de doenças como febre tifoide, cólera, malária, gripe e outros tipos de enfermidades que devastaram a região por boa parte do século XIX.

(Fonte: True West Magazine/Reprodução)(Fonte: True West Magazine/Reprodução)

Em matéria à revista True West Magazine, o historiador do Arizona, Marshall Trimble, revelou que além desses problemas que potencializavam a disseminação de doenças, comer do mesmo prato, beber do mesmo copo e até compartilhar toalhas para se limpar, era algo muito comum na época.

Os livros que serviram como guias sanitários, deixou claro que esse comportamento proliferava os germes, que habitavam até mesmo a gordura de animais doentes usados para fazer sabão, ou colchões de penas que eram usados por anos sem serem limpos, se transformando em uma verdadeira colônia de vetores.

Mas demorou até a criação do produto Lysol, pelo cientista alemão Gustave Rapuenstrach, como um assassino definitivo contra os germes, em 1899.

Péssimos hábitos

(Fonte: The Globe and Mail/Reprodução)(Fonte: The Globe and Mail/Reprodução)

No Velho Oeste, para controlar o odor do corpo, as pessoas lavavam apenas os pontos considerados mais críticos: rosto, axilas e as partes íntimas. Mas nem todos viviam essa realidade, devido à falta de água em algumas ocasiões. Os cowboys, por exemplo, por vezes só tinham água o suficiente para limpar o rosto e as mãos em uma pia, com a água que ainda seria usada para refeição.

Isso não foi considerado exatamente um problema, uma vez que se lavar já não era algo muito comum, só para os viajantes, que descobriram que precisavam se beneficiar de uma lavagem mais regular.

Em 1850, existiam 3 tipos de banhos públicos disponíveis, e que não eram nada comuns. Uma opção era se lavar em uma casa de banho, com banheiras privativas por US$ 2, sendo que a água era reutilizada, com os proprietários adicionando apenas alguns sais e outros tipos de essência para despistar o cheiro e a cor. Os bordéis também ofereciam aos seus clientes, cobrando entre US$ 50 e US$ 80, um banho de espuma reconfortante após uma noite com alguma das profissionais.

(Fonte: Notes from the Frontier/Reprodução)(Fonte: Notes from the Frontier/Reprodução)

Demorou até 1842 para que o encanamento interno chegasse nos EUA, e isso ainda em Nova York, sendo que o papel higiênico em rolo foi inventado em 1857. Até lá, os moradores do Velho Oeste, que ainda usavam banheiro do lado de fora de suas casas, tinham que se limpar com espigas de milho ou páginas de revistas e catálogos, sofrendo com assaduras e microlesões nas partes íntimas.

Para controlar a higiene dessa região, as mulheres usavam grama, algodão, pele de coelho, panos ou lã de ovelha para se manterem limpas durante o período de menstruação, até que os absorventes fossem criados, em 1888. Já para os homens, o assunto poderia ser um pouco mais delicado, porque era recomendado a circuncisão como medida para evitar doenças básicas oriundas da falta de cuidado íntimo, até piores, como sífilis, masturbação, "retardo mental" e epilepsia.

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