Ciência
22/12/2022 às 02:00•3 min de leitura
Quase que de maneira inconsciente, conforme o Natal vai se aproximando, a maioria de nós deixa de lado as preferências e críticas pessoais com relação a filmes para assistir tranquilamente a algum (ou alguns) entre as dezenas de produções natalinas que surgem nessa época do ano.
Nossa preocupação com um roteiro bem feito ou uma boa direção é varrida para debaixo do tapete e, em vez disso, nos voltamos para clássicos sobre o natal que já vimos várias vezes e que, de alguma forma, são capazes de nos fazer ter bons sentimentos.
Pelo bem da verdade e sem querer acabar com sua felicidade natalina, estudos já demonstraram que esse gênero de filme segue uma fórmula bem definida de “sentir-se bem”. Eles tendem a trazer coisas que evocam uma sensação gostosa de nostalgia, como elementos de humor, finais felizes e enredos alegres, com personagens quase sempre envolvidos nas mesmas situações.
Mas o que a ciência tem a dizer sobre isso? Isto é, o que faz um filme sobre o Natal induzir no mais profundo do nosso ser sensações de bem-estar e felicidade?
(Fonte: Shutterstock)
Para a Dra. Pamela Rutledge, psicóloga da Fielding Graduate University e diretora do Media Psychology Center, os filmes natalinos que conseguem provocar sensações de bem-estar trazem uma série de benefícios para nós.
Uma das principais razões para o gênero ser algo bom para nossa saúde, segundo a especialista, são as mudanças químicas causadas em nosso corpo que nos deixa física e mentalmente melhores. Tudo isso, claro, tem a ver com as emoções de alegria, finais felizes, lágrimas e risos (a base desses filmes) que acionam nosso centro neural de recompensas. Por exemplo, um dos melhores remédios para combater o estresse é o riso.
Por outro lado, a parte comovente, o drama e a resolução de problemas podem nos induzir a pensamentos reflexivos, edificantes e inspiradores.
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Em um artigo publicado em um site especializado em psicologia, Pamela Rutledge, chama a atenção para o aspecto positivo dos filmes natalinos conseguirem promover uma relativa melhora em nosso humor e até aliviar sintomas de depressão, servindo como uma espécie de fuga para os estressores cotidianos.
Ou seja, filmes sobre o Natal ajudam a aumentar os hormônios que contribuem para diminuir nossos níveis de estresse, por exemplo, aumentando nosso hormônio da felicidade, a dopamina.
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Lembra que falamos que os filmes natalinos precisam seguir uma “receita” para serem capazes de nos induzir a boas sensações? Pois bem, uma pesquisa feita por uma equipe da Max Planck Society for Empirical Aesthetics (Alemanha), conseguiu identificar os principais pontos de um bom filme de Natal.
Segundo explica o Dr. Keyvan Sarkhosh, principal autor do estudo, a atmosfera de conto de fadas é um elemento fundamental, do ponto de vista do espectador.
Se você analisar com mais atenção vai perceber que os filmes sobre Natal têm uma íntima relação com contos de fadas, embora a história de Jesus Cristo não seja uma fábula em si, trata-se de um enredo que envolve coisas típicas dos contos de fadas, como a redenção.
Já a Dra. Pamela Rutledge aponta que o enredo mais do que previsível desses filmes os tornam atraentes, especialmente porque o cérebro humano adora padrões e se sente confortável com isso.
Resumindo, filmes natalinos meio que brincam com aquilo que os cientistas chamam de viés nostálgico. Isto é, o processo mental que nos leva a sentir saudades de coisas e eventos passados, pois, de alguma maneira, pensamos que tudo era melhor naqueles tempos.
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Por outro lado, muitas pessoas relatam que a sensação de solidão e vazio aumentam no período de Natal, principalmente porque se sentem sozinhas e abandonadas. Não por acaso, em alguns lugares as taxas de suicídio aumentam nessa época do ano.
Então, sabe aquele vizinho que mora só? O amigo cuja família mora longe? Ou até mesmo alguém em situação de rua que você conhece? Se puder, transforme o Natal dessas pessoas em algo mais caloroso. Faça da realidade aquilo que assistimos nos filmes natalinos: amor, solidariedade, superação, ações positivas.
Afinal, o que nos impede de fazer o Natal de alguém melhor?