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24/01/2023 às 02:00•3 min de leitura
Convivendo com os humanos como animais domésticos há 9.500 anos, os gatos encontraram espaço em nosso cotidiano por fins práticos, como manter um local livre de roedores e por seus comportamentos divertidos e reconfortantes.
E enquanto eles eram bem vistos por povos antigos, como os egípcios e os romanos, sua reputação sofreu uma grande queda na Idade Média devido à associação dos bichanos com o mal feita pela Igreja Católica, em uma tentativa de demonizar a fé e valores pagãos.
Porém, mesmo com essa ligação negativa, nem todos os felinos eram realmente maltratados, com alguns ganhando tantos mimos quanto seus semelhantes atuais. Pensando nisso, confira como os gatinhos eram realmente vistos nesse período em três lugares diferentes:
Na Europa Medieval, animais de estimação eram frequentemente vistos como um símbolo de riqueza, pois cuidar e alimentar muito bem uma criatura sem um propósito funcional não era para quem tinha pouco dinheiro. Homens e mulheres de alta posição costumavam até incluir seus bichinhos em seus retratos, como uma forma de comprovar seu status na sociedade.
Embora nem todos os gatos tivessem uma vida fácil na Idade Média, sendo perseguidos e mortos brutalmente por aqueles que acreditavam estarem ligados com demônios e bruxas, eles ainda faziam parte do cotidiano de muitas famílias, com um livro de preces holandês apresentando uma cena doméstica com um felino muito bem cuidado.
(Fonte: Biblioteca Britânica/Reprodução)
Além disso, os donos medievais também davam nomes aos seus bichanos, como comprovado por um manuscrito do século XIII, exibindo que o peludinho que morava na Abadia de Beaulieu era chamado de Mite.
Alguns humanos faziam até questão de mimar seus gatos e registros de contas do início do século XIII apontam que uma mansão em Cuxham, uma região de Oxfordshire, na Inglaterra, comprou queijo apenas para alimentar o felino da residência. Outra prova é que em 1406, a então rainha da França Isabel da Baviera encomendou um pano verde brilhante para fazer uma coberta para o seu gatinho.
Os estudiosos também apreciavam a companhia dos bichanos, sendo comum encontrar elegias sobre eles no século XVI, inclusive uma no qual o animal é descrito como o companheiro mais querido do autor.
(Fonte: Biblioteca Estadual Victoria/Reprodução)
E por mais que a Igreja Católica pregasse sua demonização e extermínio — com o número de mortes felinas causando efeitos prejudiciais em momentos de praga, como a Peste Negra —, eles ainda podiam ser encontrados em alguns espaços religiosos e iluminuras, aparecendo frequentemente em gravuras de livros de horas.
Pintura turcomana do século XV. (Fonte: Museu do Palácio de Topkapi/Reprodução)
Nossos amigos felinos já tinham uma excelente reputação nessa região antes do surgimento do islamismo, porém, conforme a religião começou a se propagar, a notoriedade desses bichinhos também aumentou, se tornando animais de estimação comuns em lares de todos os níveis sociais.
Essa popularidade se deve principalmente a Abu Hurairah, um companheiro do profeta Maomé cujo nome pode ser traduzido literalmente para "pai de gato". As histórias sobre sua vida giram todas em torno de seu relacionamento com esses animais e como ele cuidava deles, fornecendo abrigo contra o sol e comida na mesquita em qual era responsável.
Além disso, a tradição islâmica ainda afirma que os peludinhos são ritualmente limpos, sendo mais adequados para viver entre os humanos do que outros animais impuros como os cães.
(Fonte: Museu do Palácio Nacional de Taiwan/Reprodução)
Assim como no Oriente Próximo, a China também mantinha os gatos em alta consideração, apresentando uma longa história desses bichinhos em seus ambientes domésticos, no início como uma forma de se livrar de ratos, e durante a dinastia Song (960 a 1279), como animais de estimação mimados.
No Japão, os felinos também tinham uma excelente reputação, sendo vistos como símbolos de boa sorte e muito populares entre os produtores de seda, que os adotavam para matar roedores que se alimentavam dos insetos produtores do material. A relação dos japoneses com os bichanos era tão importante que é comemorada até hoje em um santuário na Ilha de Tashirojima.