Ciência
21/02/2023 às 02:00•4 min de leitura
Museus costumam exaltar os grandes feitos da humanidade: obras de arte importantes, ideias bem sucedidas, pessoas que contribuíram positivamente para seus campos de atuação... Mas o Museu do Fracasso (Museum of Failure, no original em inglês) se propõe a fazer exatamente o contrário disso: expõe 150 produtos que falharam no mercado e logo saíram de linha.
O psicólogo Samuel West, que inaugurou a exposição, explica que sua ideia não é ridicularizar esses fracassos — e, sim, celebrar a coragem e a criatividade. Afinal, antes de inovações bem sucedidas, é normal que alguns fracassos aconteçam pelo caminho. A ideia surgiu durante um trabalho acadêmico que pesquisava o medo de errar — e inovar — em grandes empresas.
A exposição, que está viajando pelos Estados Unidos, termina com um mural onde os visitantes podem escrever seus próprios fracassos. A seguir, nós listamos alguns produtos mega curiosos que estão expostos no Museu do Fracasso.
(Fonte: Google/Divulgação)
O Google Glass foi um projeto ambicioso de computador portátil com o qual a pessoa poderia visualizar o tempo todo por uma telinha no canto do olho. Além disso, ele teria uma câmera embutida na armação, que o usuário poderia aproveitar para ler informações com realidade aumentada e gravar detalhes do seu dia a dia.
Assim que o produto foi disponibilizado, em 2013, o burburinho foi enorme. Algumas pessoas se animaram com a ideia, porém as críticas foram muito mais numerosas: havia preocupações com privacidade, devido à câmera, e com segurança — afinal, uma tela no canto do olho poderia distrair os usuários enquanto dirigem ou andam. E muita gente simplesmente não viu utilidade em ter um computador o tempo todo nos óculos.
Em 2015, o dispositivo saiu de linha, com promessas de voltar em 2017. Até voltou em outras incarnações, mas sempre passou longe de ser um sucesso de vendas.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Além do Google Glass, a seção de tecnologia do Museu do Fracasso tem outros produtos muito curiosos. O Nokia N-Gage, por exemplo, era um misto de Game Boy e celular que não funcionava bem em nenhuma das funções. Ou o DIVX, um formato que competia com locadoras de DVD, mas através de discos que paravam de passar os filmes após 48 horas.
Já o MessagePad, da Apple, de 1993, tinha tela sensível ao toque e uma caneta para escrever à mão. Mas a conectividade com o computador precisava ser feita com cabos comprados a parte, as baterias duravam pouco e o reconhecimento de escrita não funcionava da forma que as pessoas esperavam.
Anos depois, publicações especializadas em tecnologia afirmaram que o MessagePad foi até mais revolucionário que o iPhone, na época do lançamento. Mas foi um fracasso comercial.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Em setembro de 1957, a expectativa para o lançamento do Edsel era grande: a Ford iria lançar uma nova marca de automóveis intermediários, para superar qualquer produto da Chrysler ou General Motors. Eles garantiram que pesquisaram a concorrência e o público por muito tempo para desenvolver um carro que ia vender como pão quente.
Na verdade, os carros Edsel eram desenvolvidos a partir dos chassis Ford, mas com uma ou outra tecnologia a mais e um estilo diferente, que as pessoas odiaram. Especialmente a grade frontal que, diziam as más línguas, lembrava o órgão sexual feminino.
Mas essa não foi a única causa do fracasso. A Ford investiu 400 milhões de dólares em um carro que ela pensava que os clientes queriam — mas não mostrou nenhum detalhe para o público ou a imprensa, para criar expectativa. Uma expectativa alta demais, aliás.
Além disso, o preço dos Edsel era muito parecido com o da Mercury, que já era conhecida no portfólio da Ford. Para piorar, esse segmento todo entrou em baixa no final dos anos 1950. Já no ano seguinte, a Ford modificou a dianteira dos modelos Edsel, mas eles vendiam cada vez menos. Então, já em 1959, dois anos depois do lançamento, a marca foi descontinuada.
(Fonte: Wikimedia Commons)
No final dos anos 1970, a sueca Volvo queria produzir um meio de transporte urbano pequeno e revolucionário. Em pesquisas, identificou a possibilidade de fazer bicicletas com compósitos plásticos — que deveriam atrair muitos consumidores.
Quando o projeto começou, já em 1980, a mídia sueca dava bastante destaque à bicicleta de plástico e o banco nacional do país financiou sua construção. Mas, quando a Itera chegou às lojas, em 1982, o interesse tinha diminuído. E quem comprou, não gostou nada.
A bicicleta de plástico vinha desmontada, mas muitas caixas vieram com peças faltando. Além disso, a Itera era pesada e frágil: as peças de plástico quebravam e era difícil repor. Em 1985, o produto saiu de linha, com apenas 30 mil unidades fabricadas. O estoque que ficou encalhado na Suécia foi vendido para países do Caribe — a ferrugem era um problema para as bicicletas por lá, então o plástico foi uma ótima solução, mesmo que com alguns problemas.
(Fonte: Coca-Cola/Divulgação)
O Museu do Fracasso também tem diversos produtos alimentícios que fracassaram muito nas vendas. O mais famoso deles, provavelmente, é a "Nova Coca-Cola", lançada em 1985.
Outros produtos bizarros são o EZ Squirt, um ketchup Heinz em cores como verde e roxo, ou a Olestra, uma possível substituta para a gordura que não adicionava calorias aos produtos. Até Pringles Light com essa substância foi lançada... Não tinha calorias, mas causava diarreia.
Um dos casos mais interessantes dessa seção é a Coca Cola Clear. Ela foi lançada logo depois da Crystal Pepsi, uma versão transparente da bebida, supostamente mais pura que a original. Conta a história que a Coca Cola fez um produto intencionalmente ruim, para que as pessoas achassem que todos os refrigerantes transparentes são ruins — e voltassem a comprar a Coca normal, felizes e contentes. Em 1994, os dois produtos tinham saído de linha.
(Fonte: Uro Club/Reprodução)
Além de produtos que merecem algum crédito por tentar inovar, há aqueles que não tem como levar a sério. Um desses é o UroClub, um taco de golfe com espaço para você fazer xixi dentro. Isso porque campos de golfe costumam ser enormes e é difícil encontrar banheiros por perto — mas fazer xixi dentro do taco é uma solução bem inusitada para esse problema, né?
O UroClub vem até com uma toalhinha para você ter mais "privacidade". O produto ainda está à venda, mas como uma piada: sugerem que você dê de presente, para sacanear amigos.