8 curiosidades sobre a Pietà, uma das esculturas mais famosas de Michelangelo

24/06/2023 às 11:003 min de leitura

Desde que foi criada por Michelangelo, em 1499, a Pietá tem causado emoção, despertado a fé e sido grandemente imitada, graças à sua representação elegante da Virgem Maria e de Jesus Cristo.

Mas pouca gente conhece os segredinhos que, ainda hoje, estão sendo revelados sobre essa estátua clássica e bastante antiga. Ficou curioso? Então continue a leitura e descubra oito curiosidades sobre uma das esculturas mais famosas do mundo!

1. Ela foi uma encomenda de um cardeal 

Wikimedia Commons(Fonte: Wikimedia Commons)

Jean de Billheres, um cardeal francês que vivia em Roma, queria ser lembrado mesmo após ter dado o último suspiro. Para garantir sua fama póstuma, ele contratou Michelangelo para criar um memorial com uma cena bem famosa na época — a Virgem Maria tirando Jesus da cruz num momento trágico.

Assim, Michelangelo tinha o trabalho de fazer "a mais bela obra de mármore em Roma, uma que nenhum artista vivo pudesse superar". Se fosse outro escultor, ia torcer o nariz para uma exigência tão intensa, mas Michelangelo estava confiante de que podia dar conta do recado. E não é que ele conseguiu? A Pietà é considerada por muitos a obra-prima dele, superando até David e o teto da Capela Sistina.

2. A Pietà é a única obra assinada de Michelangelo

Wikimedia Commons(Fonte: Wikimedia Commons)

Se você olhar de pertinho, vai encontrar uma característica marcante da escultura — a assinatura do autor na região do peito da Virgem Maria: MICHAEL ANGELUS. BONAROTUS. FLORENT. 

Segundo o especialista em história da arte do século XVI, Giorgi Vasari, Michelangelo ouvira um grupo atribuindo a autoria da escultura a outro artista. Ele teria, então, se trancado no local durante a noite e marcado seu nome nela. Depois disso, o autor se arrependeu da vaidade do ato e prometeu nunca mais assinar nenhuma outra de suas obras.

3. A obra foi criticada pela representação da Virgem Maria

Wikimedia Commons(Fonte: Zde/Wikimedia Commons)

Alguns observadores da igreja zombaram da obra, dizendo que Michelangelo deixou a Virgem Maria com uma carinha de jovem demais para ter um filho de 33 anos, como se acreditava que Jesus tinha quando morreu. 

Michelangelo defendeu a escolha para seu biógrafo, Ascanio Condivi: "Você não sabe que as mulheres castas mantêm sua juventude por mais tempo do que aquelas que não são castas? Quanto mais no caso da Virgem, que nunca teve o menor desejo lascivo que pudesse mudar seu corpo!"

4. Ela é uma mistura de estilos esculturais

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Michelangelo sempre foi elogiado por juntar a beleza clássica renascentista com poses mais naturais. Outra referência à influência renascentista é a estrutura, que forma uma espécie de pirâmide, com a cabeça da Virgem Maria lá em cima e suas vestes caindo em cascata pelos braços. Uma obra que misturou tudo e ficou incrível!

5. As vestes da Virgem Maria escondem um segredo

Wikimedia Commons(Fonte: Wikimedia Commons)

De perto, nota-se que a cabeça da Virgem Maria é um pouco pequena demais para o corpo bem grande dela. Isso porque Michelangelo, para conseguir encaixar a santa segurando o filho adulto nos braços do jeito que ele imaginava, teve que fazer uma "gambiarra".

Por isso, o suporte da estátua foi feito em um tamanho maior. Para disfarçar essa diferença, o autor caprichou nas roupas que ela está vestindo, criando uma ilusão de que a obra é 100% proporcional. Uma mágica escultural, não é mesmo?

6. A escultura já foi brutalmente atacada

(Fonte: Reprodução)(Fonte: Museu Vaticani/Reuters/Reprodução)

Michelangelo tinha mania de gritar com suas esculturas e até descontar sua raiva nelas de vez em quando. Mas o que ficou famoso mesmo foi o episódio em que, no domingo de Pestecostes de 1972, um geólogo desempregado da Hungria pulou as grades da Basílica de São Pedro e partiu para cima da Pietà com um martelo.

O homem, chamado Laszlo Toth, acertou vários golpes, arrancou o braço esquerdo da Virgem Maria, quebrou a pontinha do nariz, e deixou um estrago na bochecha e no olho esquerdo.

7. A restauração foi motivo de muitas polêmicas

Wikimedia Commons(Fonte: Umberto Baldini/Wikimedia Commons)

Quando uma obra de arte sofre danos desse tipo, os responsáveis precisam debater o que é melhor: deixá-la como está — como a estátua "O Pensador" que ficou completamente detonada após uma explosão — ou fazer alterações no original para restaurá-lo. No Vaticano, os pesquisadores se dividam em três opiniões sobre o assunto.

A primeira defendia que os estragos na Pietà agora faziam parte do seu significado, mostrando a violência da nossa era moderna. Outros sugeriram que a escultura fosse reparada com costuras visíveis, como um lembrete do ataque. No fim das contas, optaram por uma restauração sem emendas, com o objetivo de deixar os observadores sem nem imaginar que alguém sequer colocara a mão na obra-prima de Michelangelo.

8. A restauração levou quase um ano para ser concluída

(Fonte: La Repubblica/Reprodução)(Fonte: Museu Vaticani/Pietro Zigrossi/Pontifi cio Consiglio per le Comunicazioni Sociali/Reprodução)

Os mestres artesãos examinaram e garimparam os mais de 100 pedacinhos de mármore que se soltaram da Pietà e os encaixaram de volta. Em um laboratório improvisado ao redor da estátua, eles passaram dez meses identificando até as lasquinhas mais pequenininhas, do tamanho de lascas de unha. 

Depois, usaram uma cola invisível e pó de mármore para colar tudo de novo e preencher as rachaduras com pedaços novos. Quando finalmente terminaram o trabalho de restauração, ainda tiveram que colocar a Pietà atrás de um vidro à prova de balas.

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