Artes/cultura
28/09/2023 às 11:00•2 min de leitura
Em 2015, Leonardo DiCaprio finalmente ganhou um Oscar após ter sido indicado outras cinco vezes. A estatueta veio pelo papel em O Regresso, que também levou os Oscars de melhor direção e melhor fotografia.
O filme conta a história de Hugh Glass, um caçador e comerciantes de peles que precisa sobreviver e fazer uma longa jornada sozinho após ter sido atacado por um urso e ser considerado morto por seus companheiros. O que nem todos sabem é que a história em que o filme se baseou é real e a lenda de Hugh Glass conquistou o imaginário norte-americano por quase um século.
Reprodução do ataque a Hugh Glass em jornal de 1922. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Pouco se sabe sobre a vida de Hugh Glass antes do episódio que inspirou o filme. Ele nasceu em 1783, em Scranton, na Pensilvânia. Filho de imigrantes escoceses e irlandeses, Glass começou a trabalhar como marinheiro ainda jovem. Em 1822, ele respondeu a um anúncio que contratava 100 homens para se aventurar em terras selvagens no rumo do rio Missouri, em uma empreitada de caça e comércio de peles que poderia durar até 3 anos.
A expedição encontraria muitos perigos, entre eles a ameaça de ataques de indígenas arikaras, que habitavam a região, e Glass chegou a levar um tiro na perna durante um confronto com esses povos. Porém, a parte mais conhecida da história ocorreu em 1823, quando Glass foi atacado por um urso.
Durante a jornada, Glass assustou e perturbou uma ursa que cuidava de dois filhotes, sendo atacado pelo animal e sofrendo diversos ferimentos graves. Segundo os relatos dos companheiros, a ursa rasgou a carne da parte inferior do tronco e das pernas de Glass, torceu seu pescoço em um ângulo assustador e fez diversas feridas em todo o seu corpo. Além disso, um furo assustador em seu pescoço fazia o ar de seus pulmões escapar.
Milagrosamente, Glass sobreviveu ao ataque. Seus companheiros chegaram a carregá-lo por alguns dias, mas isso atrapalhava muito o avanço do grupo. O líder então pediu dois voluntários para ficarem com ele até que ele morresse e que o enterrassem em seguida. John S. Fitzgerald e “Bridges” (que pode ter sido um certo Jim Bridger) aceitaram a tarefa.
Os homens, porém, abandonaram Glass após alguns dias e, mais tarde, alegram terem sido atacados por indígenas. Os dois alcançaram o grupo original e informaram que Glass havia morrido. Ele foi deixado sem armas e sem o kit para fazer fogueira, seu único acessório era uma pele de urso deixada para trás.
De alguma maneira, ele conseguiu colocar uma perna deslocada no lugar e se arrastou por longas distâncias, sobrevivendo de frutos e raízes. Usando técnicas de localização, chegou ao rio Cheyenne e fez uma jangada para seguir seu curso até o Forte Kiowa. A jornada foi de 320 km e levou seis semanas.
Depois de algum tempo se recuperando dos ferimentos, Glass saiu à procura dos homens que o abandonaram. Conta a história que ele encontrou Bridges, mas o perdoou por ser muito jovem. Ele também encontrou Fitzgerald, que estava no exército, e seu comandante o fez devolver o rifle roubado. Glass mandou Fitzgerald nunca sair da corporação ou o mataria.
Glass continuou a vida de aventuras, tendo participado de outras expedições e mais tarde trabalhado como caçador para o exército. Ele morreu em 1833 em um ataque do povo arikara. A primeira versão escrita da história apareceu em 1825, na revista The Port Folio. Muitos questionam a sua veracidade, outros acreditam que o relato foi muito embelezado. Fato é que Hugh Glass ganhou notoriedade e sua história já foi recontada em vários livros e revistas, além de adaptada para várias outras mídias.