Estilo de vida
20/07/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 20/07/2024 às 08:00
A Igreja Católica é amplamente conhecida por sua posição firme contra o aborto e a contracepção, conforme estabelecido no Catecismo e em documentos papais como a Humanae Vitae. No entanto, ao longo da história, alguns papas e santos mostraram atitudes mais tolerantes ou mesmo favoráveis em relação a essas práticas. Conheça cinco figuras católicas que desafiaram a posição oficial da Igreja sobre saúde reprodutiva.
Na década de 1960, o Papa João XXIII demonstrou abertura para mudanças nas leis da Igreja sobre a contracepção. Ele organizou a Comissão Papal sobre População, Família e Controle de Natalidade, onde a maioria dos membros se mostrou favorável à reforma contraceptiva. Ao final dos três anos de existência do conselho, existiam 72 membros, entre teólogos, psicólogos, leigos e casais. Dos 72 membros, apenas quatro se opuseram à reforma contraceptiva. Infelizmente, o Papa João XXIII faleceu antes que pudesse ver o resultado dessa comissão, e sua postura mais liberal foi substituída pela rigidez do Papa Paulo VI.
Santo Antonino de Florença, um teólogo e arcebispo do século XV, é frequentemente citado por católicos pró-escolha. Ele escreveu que o aborto poderia ser justificado se a saúde da mãe ou da criança estivesse em risco. Ou seja, Antonino defendia que, em casos onde a vida da mãe estivesse em perigo, o aborto poderia ser uma medida aceitável. Ele foi canonizado apenas 64 anos após sua morte, sugerindo que a Igreja não teve problemas com suas posições.
São Tomás de Aquino, um dos maiores filósofos da Igreja, escreveu sobre o conceito de infusão da alma, sugerindo que um feto só obtém uma alma humana entre 60 e 80 dias após a fertilização. Ele argumentou que até esse momento, o feto não possui uma "alma humana" e, portanto, o aborto realizado antes desse período não poderia ser considerado homicídio. Esse conceito tem sido usado por alguns católicos para argumentar que o aborto até esse período é moralmente aceitável.
Santa Brígida de Kildare, uma das figuras mais veneradas da Irlanda, realizou um aborto milagroso em uma de suas freiras, aliviando-a da gravidez de maneira indolor. De acordo com escritos de Cogitosus, monge irlandês que escreveu sobre a vida da santa, Brígida fez com que o feto "desaparecesse sem nascer e sem dor". Esse ato foi visto como um exemplo poderoso de compaixão e cuidado dentro da tradição católica.
Santa Hildegarda de Bingen, uma freira e médica medieval, escreveu sobre várias ervas que poderiam induzir o aborto ou estimular a menstruação. Seus textos médicos detalham o uso de plantas como gengibre selvagem, verbasco, erva-de-santa-maria e mil-folhas para esses fins. Ela descreveu como a ingestão dessas plantas poderia levar ao aborto ou à retomada do ciclo menstrual, mostrando que tinha uma compreensão e uma certa tolerância em relação a essas práticas, embora não haja registros de que tenha ela mesma realizado tais procedimentos.