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05/08/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 05/08/2024 às 08:00
Mesmo com seus braços faltantes, a Vênus de Milo é considerada uma das peças de arte mais famosas de todos os tempos. A escultura, toda feita de mármore, remonta ao período helenístico, há cerca de 2.200 anos, na Grécia Antiga, e foi redescoberta em 1820.
Desde que chegou no Museu do Louvre em Paris, na França, ela tem sido uma das principais atrações. Mas sua história é tão fascinante quanto a própria obra.
A Vênus de Milo foi encontrada em 1820, quando um oficial da Marinha francesa chamado Olivier Voutier navegou para Melos, uma ilha grega que fica localizada no mar Egeu. Voutier era também um arqueólogo diletante, e se direcionou à ilha em busca de antiguidades gregas.
Ele nem imaginava que lá teria o momento central da sua vida. Isso se deu ao chegar na casa de um fazendeiro chamado Yorgos Kentrotas que, pouco antes, estava vasculhando pedras nas ruínas da ilha quando encontrou uma estátua de mármore de uma mulher seminua.
Voutier ficou impressionado com a peça, e contatou o conde de Marcellus, que era secretário do embaixador francês nos turcos otomanos. Ele se juntaram e pagaram 1000 francos pela estátua: 250 para as autoridades locais, e 750 para o fazendeiro.
Assim, em fevereiro de 1821, a Vênus de Milos foi finalmente levada para Paris, onde foi entregue para o rei Luís XVIII como um presente. Na sequência, o rei doou a escultura ao Museu do Louvre, onde ela está até hoje.
Na época, o diretor do museu, um homem chamado conde de Forbin, ficou extasiado com a nova aquisição. Os pesquisadores passaram a analisá-la e encontraram em sua base uma inscrição que dizia: "Alexandros, filho de Menides, cidadão de Antioquia de Meandro, fez a estátua".
Ocorre que não se sabia até então muita coisa sobre Alexandros de Antioquia. Mas havia alguma informação sobre a cidade: Antioquia não havia sido fundada até cerca de 280 a.C. Isso indicava que a estátua provavelmente datava da era helenística, e não do período clássico, como se imaginava.
Por conta disso, que foi uma certa decepção ao museu, o Louvre fez uma certa "malandragem": pagou para que estudiosos publicassem escritos afirmando que a escultura vinha da escola do artista clássico Praxíteles. Essa mentira foi mantida por pelo menos 130 anos. Para sustentar essa versão, a base inscrita simplesmente desapareceu.
Isso fez com que muito mistério permanecesse em torno dela, incluindo o que teria ocorrido com os seus braços. Em um livro de 2003 chamado Disarmed: The Story of the Venus de Milo, o jornalista Gregory Curtis escreveu que Yorgos Kentrotas teria achado mais tarde outras peças da Vênus, o que incluía um braço com uma mão que segurava uma maçã.
Além disso, a Vênus de Milo tem marcas de que um dia recebeu tintas vibrantes, mas que as cores desbotaram com o tempo. Também há indícios de que ela já foi adornada com joias, o que incluiria uma braçadeira, brincos e uma faixa em sua cabeça.
Outra questão curiosa é que até hoje não há total certeza sobre quem ela retrata. Há os estudiosos que acreditam que ela representa Afrodite (a versão grega de Vênus), a deusa do amor, o que justificaria a presença de uma suposta maçã em sua mão. No entanto, o povo que habitava Melos reverenciava Anfitrite, a esposa de Poseidon. Por isso, há quem jure de pé junto que a estátua é, na verdade, uma deusa do mar.