Artes/cultura
27/07/2024 às 12:00•3 min de leituraAtualizado em 27/07/2024 às 12:00
O matriarcado se define como um sistema social em que a mãe ou a mulher exerce autoridade sobre uma família ou um grupo. Ou seja, é o oposto do que quase sempre ocorreu nas diferentes sociedades do mundo: o famoso patriarcado.
Mas as sociedades matriarcais existem em várias lugares e carregam muita riqueza cultural. São grupos em que as mulheres foram e são encarregadas de organizar a vida de todos, o que costuma ocorrer, claro, de uma forma muito diferente de quando o homem é o líder.
Na ilha de Sumatra, na Indonésia, vive a comunidade minangkabau, composta por cerca de quatro milhões de pessoas. Lá são as mulheres que controlam tudo. E detalhe: dentro de um contexto religioso islâmico.
Entre os minangkabau, o sistema de herança é matrilinear: ou seja, as posses e as tradições são transmitidas pelas mães para as filhas, mantendo a centralidade das mulheres na vida comunitária.
Se você acha que as mulheres são controladoras e abusivas nesse contexto, repense essa concepção. Os minangkabau prezam por uma convivência harmoniosa entre os sexos. Os homens também têm papéis importantes, mas respeitam a liderança feminina, já que as mulheres são vistas como guardiãs da cultura e das tradições.
No norte do Quênia, localiza-se uma comunidade matriarcal chamada umoja, que foi fundada em 1990 por uma mulher chamada Rebecca Lolosoli. A ideia era funcionar como um refúgio seguro para mulheres que fugiam da violência de gênero. Ela existe até hoje, e tem uma peculiaridade: os homens não podem residir lá.
São as mulheres que tomam todas as decisões e controlam tudo na cidade. Seu modo de sobrevivência é um turismo sustentável, o que inclui um camping e a venda de artesanato que as ajuda a ter rendimentos.
Entre os umoja, as mulheres são as líderes indiscutíveis. Elas são responsáveis por todas as decisões e administram a economia da cidade. Para se sustentar, desenvolveram um modelo de turismo sustentável que inclui camping para visitantes e venda de joias artesanais. Estas atividades não só geram rendimentos, mas também permitem que as mulheres partilhem a sua cultura e histórias com o mundo.
As mulheres de lá são livres para decidir se querem ficar solteiras ou iniciar um relacionamento. Se escolherem a segunda opção, precisam deixar a vila para ter seus encontros. Caso engravidem, elas levam o bebê para o tribo.
Na Nigéria, a tribo wodaabe se destaca por ser liderada por mulheres e manter um estilo de vida nômade. Mas o grupo é famoso por causa de suas tradições culturais mais inóspitas.
Na tribo, por exemplo, o casamento é visto como uma instituição flexível. As meninas wodaabe têm um casamento arranjado pelos pais, mas podem dissolvê-lo e se casar novamente sem qualquer problema, o que reforça o respeito às mulheres dentro da tribo.
Mas talvez o aspecto mais curioso seja uma tradição mantida por eles chamada de dança yaake. Trata-se de uma competição em que os homens se enfeitam e dançam para chamar a atenção das mulheres. Assim, as mulheres podem escolher os homens que considerarem mais atraentes para se relacionar.
A etnia akan, que compreende um grupo étnico que vive entre Gana e Costa do Marfim, está entre as mais influentes da África. Ela se destaca por possuir uma estrutura única em que as mulheres são as fundadoras dos clãs e responsáveis pela sucessão das famílias.
Os homens até podem exercer posições de liderança, mas a sua principal responsabilidade é apoiar e fortalecer os seus familiares do sexo feminino. Assim, estudiosos definem os akan como uma ginocracia, que descreve um sistema de governo baseado no poder das mulheres