Ciência
08/11/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 08/11/2024 às 18:00
A artista visual, escritora e escultora americana Barbara Chase-Riboud pode não ser o nome mais popular do mundo das artes. Mas a sua contribuição para a área da cultura merece muito mais destaque do que já angariou em sua longeva carreira.
Nascida na Filadélfia, nos Estados Unidos, Barbara Chase-Riboud escolheu Paris ainda nos 1960 como seu lar e seu "santuário" onde pode construir a sua obra. Hoje ela tem 85 anos e tem obras expostas em locais como o Museu do Louvre, o Museu d'Orsay, Pompidou, Palais de Tokyo, Palais de la Porte Dorée, Philharmonie de Paris, e em vários espaços importantes.
Crescida na Filadélfia, Barbara Chase-Riboud recebeu em 1956 o título de Bacharel em Belas Artes pela Escola de Artes e Arquitetura da Universidade de Temple. Logo após a formatura, ela recebeu uma bolsa para estudar na École des Beaux-Arts, em Paris.
Na capital francesa, Barbara encontrou um refúgio da segregação e do racismo que sofria em seu país natal. Mas, além disso, ela conheceu toda uma comunidade de artistas de vanguarda que a acolheu e possibilitou que se expressasse enquanto uma mulher negra.
Era uma época em que os artistas afro-americanos lutavam para conquistar um espaço para o seu trabalho que fosse além do rótulo da "arte negra". Paris então se tornou o local ideal para sua arte cheia de camadas se expressasse. Foi lá que Chase-Riboud passou a ser reconhecida como uma artista política, sem medo de confrontar os cantos mais sombrios da história.
Um exemplo disso é a sua série de esculturas de bronze dedicada a Malcolm X, que foi iniciada no final dos anos 1960. Sua obra se tornou conhecida por estimular reflexões sobre questões como raça, memória e trauma dentro do mundo das artes.
Foi em Paris que ela também desenvolveu e aperfeiçoou sua famosa técnica de escultura, que consiste na fusão da solidez do bronze com a suavidade do tecido. Suas peças artísticas são conhecidas por suas dobras sinuosas e presença marcante.
Mas a carreira de Chase-Riboud foi marcada também pela sua pluralidade. Além de exímia escultora, ela produziu literatura. Seu primeiro romance, Sally Hemings, que foi lançado em 1979, explora a vida da amante escravizada de Thomas Jefferson, e foi aclamado pela crítica especializada.
Mais recentemente, com o avançar da vida, Barbara Chase-Riboud começou a receber o reconhecimento que merece, sendo convidada para grandes exposições. Uma delas foi a sua retrospectiva realizada em 2023 nas Serpentine Galleries, em Londres. Sua técnica arrojada, que borra os limites entre pintura, escultura e arte têxtil, passou a ser cada vez mais celebrada.
E claro, a marca do seu trabalho é a sua discussão levantada sobre as intersecções entre raça e gênero com o mundo da arte. Sendo assim, a obra de Barbara Chase-Riboud tem aberto portas para tantos outros artistas que debatem esses temas, mas não recebiam até então a legitimidade dentro da sua área. O que certamente leva à reflexão: como seria hoje o mundo da arte se ele tivesse abraçado mais artistas como Chase-Riboud?