Estilo de vida
12/08/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 12/08/2024 às 10:00
Pequena escultura de bronze de apenas 10,5 cm exposta no Museu Nacional de Nova Delhi, a Garota Dançarina (Dancing Girl) é, ao mesmo tempo, um dos maiores tesouros da arte e da arqueologia mundiais. Trata-se de uma obra artística pré-histórica, datada de 2500 a.C., e escavada nas ruínas da cidade de Mohenjo-daro, no atual Paquistão.
A figura representa uma jovem mulher nua, com adereços nos braços e no pescoço. Esculpida com técnica invejável para a época, o corpo da estátua é esguio e curvilíneo, com uma mão repousando no quadril, enquanto a outra segura um objeto que pode ser tanto um instrumento musical ou um tipo de ornamento.
A obra foi feita utilizando uma técnica chamada cera perdida, usada por milhares de anos em civilizações antigas, como a egípcia, a grega e essa do Vale do Indo. O processo consiste em revestir um modelo de cera com material refratário, geralmente argila, para criar um molde resistente ao calor. Quando a cera derrete, o molde é então preenchido com um metal fundido, que toma a forma do modelo original.
A Menina Dançarina foi objeto de disputa entre a Índia e o Paquistão, depois que as autoridades deste país exigiram a devolução das peças descobertas em Mohenjo-daro, que pertence hoje ao seu território, mas os indianos recusaram.
Para resolver a controvérsia, foi celebrado um acordo no qual os 12 mil objetos foram divididos entre os dois países. No caso das duas esculturas mais célebres da civilização do Vale do Indo, o Paquistão pediu e recebeu a figura em pedra-sabão do Rei Sacerdote, deixando para a Índia a pequena (mas gigante) Dancing Girl.
Pela sua importância histórica e artística, a Dancing Girl tem sido frequentemente analisada e debatida por estudiosos. Houve recentemente um consenso que desafiou a interpretação original proposta pelo arqueólogo britânico John Marshall de que a garota estaria acompanhando o compasso de uma música com as pernas e pés.
Para os especialistas, essa suposição de que ela representa uma dançarina apenas com base em sua postura, é imprecisa e muito simplista. Alguns historiadores da arte e arqueólogos modernos sugerem que a figura pode ter sido uma guerreira, pela ornamentação assimétrica que deixa a mão direita livre, possivelmente para segurar uma arma.
Como a maioria dos artefatos culturais descobertos nos sítios arqueológicos do Vale do Indo, a estatueta pode ser uma chave para entender o funcionamento de uma civilização cuja escrita ainda não foi decifrada até hoje. Com seu tamanho e aparência modestos, a Garota Dançarina revela processos metalúrgicos avançados em uma das primeiras civilizações urbanas da humanidade.