Estilo de vida
10/11/2024 às 06:00•2 min de leituraAtualizado em 10/11/2024 às 06:00
Todo mundo já ouviu a história de que "os gatos têm sete vidas". Ou seja, eles teriam seis chances de se dar mal antes de, finalmente, baterem as botas (curiosidade: os americanos e os ingleses falam que os felinos têm nove vidas).
Mas de onde será que surgiu esse curioso ditado? E não: diferente do que podem pensar as crianças, os gatos só morrem uma vez, sem direito a novas chances.
Primeiro de tudo, foi divulgada a ideia de que os gatos teriam nove vidas. Essa frase surgiu por conta de um antigo provérbio inglês que diz: "Um gato tem nove vidas. Por três ele brinca, por três ele se desvia, e pelas últimas três ele fica". Como se trata de uma tradição da cultura oral, não há como precisar quem disse pela primeira vez essa frase.
Obviamente, isto não pode ser entendido de maneira literal. A frase, na verdade, faz referência às personalidades únicas dos gatos, e não necessariamente sobre a sua possibilidade de sobreviver ou viver muito tempo.
Mas a ideia se difundiu justamente porque foi apropriada pela cultura. William Shakespeare, por exemplo, menciona as “nove vidas” em um verso contido em Romeu e Julieta: “Bom rei dos gatos, nada além de uma de suas nove vidas”. Muito antes disso, na mitologia egípcia, há a história do deus do sol Atum-Ra, que deu origem a todos os deuses. Ele teria dado à luz a outros oito deuses e também assumiu a forma de um gato. Daí viria a conexão com as nove vidas.
Aqui no Brasil, assim como em outros países (como na Alemanha), afirmamos que os gatos, na verdade, teriam sete vidas. Essa crença parte de uma herança cultural árabe e turca. Isso porque os países dessas regiões também são muito ligados aos felinos: o islamismo, por exemplo, acredita que Maomé vivia cercado por esses animais.
O caminho percorrido de lá até aqui veio por meio da colonização portuguesa e espanhola. Foi determinante nesse sentido a ocupação da Península Ibérica pelos mouros, que começou no século VIII e se estendeu por 800 anos, fundindo as culturas e fazendo chegar até aqui a lenda das sete vidas.
Mas, curiosamente, há ainda outra versão dessa história, que remete ao Antigo Egito. Nesta cultura, que era extremamente religiosa e ligada à morte, dizia-se que, a cada reencarnação, um espírito poderia passar para outro corpo em uma nova vida. Dependendo da alma, ela poderia fazer isso por diversas vezes.
Os gatos teriam essa mesma capacidade. Acreditava-se que os bichanos reencarnavam em sua própria espécie seis vezes até que, na sétima, voltariam como humanos. Independente de qual versão se resolva acreditar, o fato é que os gatos realmente são animais incríveis – e, claro, muito resilientes.