Ciência
27/08/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 27/08/2024 às 16:00
O Brasil é um país muito rico etnicamente. Habitado originalmente por grupos indígenas, ele passou a ser colonizado por portugueses com a chegada deles por aqui em 1500. Nos séculos seguintes, nosso país receberia imigrantes de muitos continentes, como a Europa, a África e a Ásia.
Isso tudo nos tornou uma nação multirracial e multicultural, em que a mistura nos torna complexos e interessantes. Mas por que será que somos chamados de "brasileiros", e não outro termo, como "brasilianos"?
A palavra "brasileiro" designa toda e qualquer pessoa que nasceu no Brasil. Mas o sentido atual era diferente no passado. Entre os séculos XVI e XVIII, chamava-se de brasileiro os indivíduos que trabalhavam com o comércio da árvore pau-brasil.
Era, portanto, um termo ligado à profissão: quem vivia da venda da pimenta, era chamado de pimenteiro, das pedras, era pedreiro, e assim por diante. É interessante lembrar que o sufixo "eiro" é comumente usado em outras palavras ligadas a profissões, como "padeiro", "carpinteiro", "jardineiro", "relojoeiro" e "engenheiro".
De acordo com o professor Arnaldo Rodrigues Menecozi, se as regras gramaticais tivessem se mantido intactas, os nativos do Brasil seriam chamados de "brasiliensis" ou "brasilienses". E é por isso que, para outros países, parece mais normal o uso desse termo do que "brasileiro". Curiosamente, os franceses nos chamam de bresilien, os ingleses, de Brazilian, e os italianos, de brasilianos.
O mais engraçado é nós mesmos usamos frequentemente os sufixos "ano" para apontar nativos de outros países, como o italiano, o peruano, o boliviano, o venezuelano, o equatoriano e o norte-americano.
Inicialmente, havia uma distinção entre os "brasilienses" e os "brasileiros". Além dos comerciantes de pau-brasil, entendia-se que os brasileiros eram os portugueses que residiram no Brasil e que depois voltaram ricos para sua pátria original. Já a pessoa nativa dessas terras era considerada "braziliense".
No ano de 1808, circulava na Inglaterra um jornal chamado Correio Brazilense, que era feito na Europa pelo jornalista Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça e depois enviado ao Brasil com notícias do que ocorria por aqui. Por conta disso, ele foi considerado o primeiro jornal brasileiro, ainda que fosse impresso em Londres. O jornal foi editado por 14 anos e 7 meses, com uma pontualidade invejável.
Só que, caso o jornal tivesse sido publicado nos dias de hoje, ele seria provavelmente chamado de "Correio Brasileiro". Isso acontece porque o termo brasileiro ainda não era usado nessa época para designar os nativos do Brasil. Para Hipólito da Costa, toda pessoa natural do Brasil deveria ser chamada de brasiliense; o português ou o estrangeiro estabelecido aqui, era o brasileiro; e o indígena, era o brasiliano. Com o tempo, todas essas palavras se uniram e brasileiro se tornou a regra, acabando com a confusão trazida pelas variantes.