Ciência
01/06/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 01/06/2024 às 16:00
Na Roma antiga, um dos espetáculos mais aguardados pelo povo eram as veações. Realizadas no Coliseu e no Circo Máximo, essas batalhas sangrentas envolviam animais exóticos como leões, ursos e hipopótamos. Em algumas ocasiões, os animais lutavam entre si, em outras, eram colocados contra guerreiros armados conhecidos como venatores ou bestiários.
Essas demonstrações violentas de poder e controle sobre a natureza costumavam acontecer antes das lutas entre gladiadores e serviam para animar o público antes dos eventos principais.
As veações têm suas raízes no gosto dos romanos por espetáculos sangrentos, como corridas de bigas e combates entre gladiadores. A origem exata das veações é incerta, mas Plínio, o Velho, descreveu um evento ocorrido em 252 a.C. que envolvia elefantes capturados durante a Primeira Guerra Púnica.
Inicialmente, esses animais eram exibidos ao público, que nunca tinha visto tais criaturas antes. O historiador romano Tito Lívio também menciona que a primeira veação com caçada encenada ocorreu em 185 a.C., organizada pelo general Marcus Fulvius Nobilior para celebrar suas vitórias na Grécia.
Para entreter as massas, os romanos importavam animais exóticos de todo o império. Leões, panteras e elefantes do norte da África, ursos de diferentes regiões da Europa, tigres da Pérsia, e crocodilos e rinocerontes do sul da Ásia eram levados a Roma.
Assim como os gladiadores, os venatores geralmente eram escravos, criminosos ou contratados para lutar. Equipados com armas, eles enfrentavam os animais, que, inicialmente, eram acorrentados para facilitar a matança. No entanto, por volta de 100 a.C., os animais começaram a ser soltos, e paredes altas foram construídas no Coliseu para impedir que eles atacassem o público.
As veações eram organizadas por vários motivos, incluindo homenagens a divindades, celebrações de vitórias de guerra, e ocasiões importantes como casamentos, funerais e coroações de imperadores. A inauguração do Coliseu em 80 d.C. foi marcada por uma veação de mais de 100 dias organizada pelo imperador Tito, que resultou na morte de mais de 9.000 animais. O imperador Trajano, para celebrar sua vitória sobre os dacianos, promoveu uma veação de 120 dias, levando 11.000 animais a óbito.
A popularidade das veações começou a declinar nos séculos III e IV, devido à dificuldade crescente de encontrar animais exóticos. Elas continuaram até meados do século VII, deixando um impacto duradouro no ecossistema do império romano. A caça excessiva e a captura de animais para os espetáculos contribuíram para a extinção e ameaça de várias espécies, como o cavalo selvagem europeu, o lince eurasiático, o elefante norte-africano e o leão-da-barbária. Além disso, a expansão territorial e práticas as agrícolas dos romanos transformaram vastas áreas férteis em desertos, com efeitos ecológicos que persistem até hoje.