Ciência
04/06/2018 às 06:58•2 min de leitura
Você viu o pequeno sarcófago da imagem? Por conta das dimensões dele, dos hieróglifos em referência a Hórus, divindade egípcia que tinha cabeça de falcão, dos desenhos de ave sobre superfície do artefato, e porque era costume dos antigos egípcios mumificar animais — de aves a crocodilos, incluindo gatos e até escaravelhos —, ninguém jamais desconfiou que a peça pudesse guardar outra coisa além de um pássaro em seu interior. Veja novamente:
(Western News)
No entanto, depois de submeter o pequeno corpo mumificado que se encontrava no interior do sarcófago a exames de tomografia computadorizada, o pessoal do Museu Maidstone, situado em Kent, na Inglaterra, se surpreendeu ao descobrir que o caixãozinho, na verdade, guardava o corpinho mumificado de um bebê.
O pequeno sarcófago se encontrava listado no inventário do museu como “Gavião Mumificado EA 493” há várias décadas, e seu real conteúdo só foi descoberto porque, em 2016, a instituição decidiu submeter uma múmia humana — que faria parte de uma nova exposição — a uma série de exames. O pessoal do museu resolveu aproveitar a oportunidade para examinar outros artefatos também, e foi então que ficou claro que eles estavam diante de algo muito raro.
(Western News)
O objeto, datado do período Ptolomaico, tem cerca de 2,1 mil anos e guardava o corpinho de um bebezinho natimorto — um dos apenas 8 fetos mumificados que já foram descobertos até hoje. Diante da raridade do que foi encontrado, o pessoal do museu entrou em contato com diversos especialistas e a pequena múmia voltou a ser examinada.
Os pesquisadores descobriram que o feto não tinha mais do que 28 semanas quando foi mumificado, e que seria impossível que ele sobrevivesse — caso a sua gestação tivesse chegado até o final. O bebê era um menino e apresentava uma série de anomalias, como defeitos nas vértebras e fissura labiopalatal — condição em que a pessoa apresenta uma fenda no lábio e no céu da boca.
(Science Alert/Maidstone Museum UK/Nikon Metrology UK)
Entretanto, os especialistas identificaram que o bebezinho apresentava anencefalia, ou seja, uma malformação rara em que a criança apresenta ausência de calota craniana e parte do cérebro. No caso do feto mumificado, seu cérebro seria praticamente inexistente, o que, infelizmente, se trata de algo incompatível com a vida.
O pequeno sarcófago foi descrito pela primeira vez em 1826, ou seja, há quase 200 anos, e a descoberta de que em vez de um pássaro, o artefato guarda um bebezinho mumificado, torna a história do caixãozinho muito mais trágica. Isso porque, no Antigo Egito, o mais usual era que fetos e bebês natimortos fossem colocados em vasos e enterrados sob os pisos das residências das famílias que perdiam as crianças.
Como o pequeno, mesmo apresentando essas anomalias todas — e certamente tendo uma aparência bastante diferente do habitual — foi submetido ao processo de mumificação, isso indica que o feto era um bebê muito especial e que sua perda foi muito sentida por sua família. Que peninha, né?
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