Ciência
18/12/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 18/12/2024 às 12:00
Amenhotep III, um dos faraós mais proeminentes da história egípcia, governou durante o auge do Novo Reino, no século XIV a.C. Seu reinado foi marcado por paz, prosperidade e uma impressionante produção artística e arquitetônica, como o templo de Luxor e os imponentes Colossos de Mêmnon.
Agora, seu semblante foi recriado por um time de cientistas liderado pelo designer gráfico brasileiro Cícero Moraes, que transformou dados anatômicos de sua múmia em uma representação digital realista. O resultado é uma imagem inédita de um dos maiores líderes do Egito Antigo.
Embora sua múmia esteja em péssimo estado devido ao desgaste do tempo, técnicas modernas possibilitaram a reconstrução do crânio, com base em medições feitas no início do século XX e novas interpretações.
Cícero Moraes combinou esses dados com informações anatômicas de indivíduos vivos para determinar a posição de olhos, nariz, boca e outros traços faciais. O processo resultou em duas versões: uma mais objetiva, em tons de cinza, e outra colorida, com trajes e adereços reais da época. A segunda versão, com seu caráter artístico, reflete bem o título de "O Magnífico" que o faraó carregava.
Contudo, apesar da grandiosidade de suas estátuas, que sempre o retratavam como um ideal de força e divindade, os estudos revelam um Amenhotep III menos glamoroso em vida. Ele era baixo para os padrões atuais, com cerca de 1,56 metro, e enfrentava problemas de saúde, como obesidade, calvície e dores dentárias.
Ainda assim, esses aspectos humanos não diminuem sua importância histórica. Pelo contrário, dão ao faraó uma dimensão mais próxima, conectando-o de forma inesperada às pessoas do presente.
A opulência de seu reinado era tamanha que cartas diplomáticas da época descrevem o Egito como um país onde o ouro era “mais abundante que areia”. Há evidências de que sua múmia pode ter sido coberta de folhas de ouro, ressaltando sua aura de divindade.
Durante quatro décadas, ele governou com diplomacia e construiu monumentos que marcaram profundamente a paisagem cultural egípcia, tanto no Egito quanto na Núbia. Sua morte, aos 40 ou 50 anos, encerrou uma era de esplendor, mas seu legado persistiu, restaurado por seu neto, Tutancâmon.
O trabalho de reconstrução não é apenas um avanço científico, mas também uma janela para o passado, oferecendo um olhar detalhado sobre a figura de um faraó que foi essencial para a história mundial. Como disse Moraes, “este é um presente para todos que apreciam a história”.
Amenhotep III, que afirmava ser filho do deus Amon, é agora imortalizado de forma mais realista e tangível. Seu rosto, com expressão plácida, reflete o espírito de um governante que trouxe paz e prosperidade ao Egito.
Este projeto não apenas revela a aparência de Amenhotep III, mas também reforça sua importância. Ele não foi apenas um líder, mas um símbolo da grandeza do Egito Antigo, cujos monumentos ainda impressionam o mundo moderno. A ciência e a tecnologia, unidas à história, devolveram à humanidade o rosto de um homem que, apesar das limitações físicas, era verdadeiramente magnífico.