Ciência
27/07/2018 às 10:30•2 min de leitura
Você já deve ter ouvido sobre o permafrost, certo? Esse termo se refere a um tipo de solo presente na região do Ártico e que permanece — ou deveria! — constantemente congelado. No entanto, com a elevação das temperaturas globais, o permafrost (ou pergelissolo, como também é conhecido) de algumas áreas está descongelando e, enquanto em determinadas partes, o derretimento está revelando artefatos arqueológicos que permaneceram durante milênios em meio a esse solo, o degelo vem liberando outras surpresas!
Pois com uma dessas surpresinhas que um time de cientistas estudando o permafrost na Sibéria se deparou recentemente. Os pesquisadores recolheram cerca de 300 vermes em duas áreas diferentes — animais da época do Pleistoceno que estão ressurgindo com o derretimento do solo. E entre esses bichos todos, que permaneceram milhares anos enterrados, os cientistas encontram criaturas que, depois de descongelarem, voltaram à vida. Assustador, você não concorda?
Vermes de milhares de anos (The Siberian Times)
Os pesquisadores identificaram os vermes como sendo nematódeos e, em laboratório, eles determinaram que um deles — descoberto no interior de uma toca de esquilo pré-histórico — tinha nada menos que impressionantes 32 mil anos. E esse nem foi o mais ancião dos bichos! Outro exemplar coletado pelos cientistas bateu os 41,7 mil anos e, tanto esse como o outro, aparentemente são fêmeas e, depois de voltar à vida, inclusive começaram a se alimentar novamente.
Despertando depois de milhares de anos (The Siberian Times)
Ainda sobre os vermes coletados, alguns deles foram encontrados a cerca de 30 metros de profundidade no solo e foram identificados como sendo do gênero Panagrolaimus — entre eles estava o bicho que foi descoberto na toca de esquilo. Já o exemplar mais velho foi classificado como sendo do gênero Plectus, e este foi coletado com outros tantos indivíduos a apenas 3,5 metros de profundidade.
Por um lado temos um fator bastante interessante com a descoberta desses vermes — capazes de permanecer congelados por tantos milhares de anos e poder voltar à vida. Afinal, essa característica pode ser estudada pelos cientistas e permitir avanços nas áreas da criobiologia, criomedicina e da astrobiologia, por exemplo.
Um dos locais nos quais os vermes foram coletados (The Siberian Times)
Contudo, por outro lado, se essas criaturas voltaram à vida após mais de 30 mil ou 40 mil anos, quem garante que o derretimento do permafrost não vá liberar vírus, bactérias e outros organismos de centenas, milhares e até milhões de anos atrás e que sejam potencialmente letais para a vida que existe hoje na Terra? Essa preocupação existe entre os cientistas faz tempo e, com a elevação das temperaturas globais e o degelo das regiões polares, o risco de infecções também aumenta.
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