Ciência
03/06/2020 às 07:00•2 min de leitura
Descobertas em 2010, as Bolhas de Fermi se tornaram um dos mistérios mais intrigantes da astronomia, nos últimos anos: são duas gigantescas estruturas circulares de gás, poeira e raios cósmicos, com 25 anos-luz de diâmetro cada, que existem no centro da Via Láctea. As bolhas foram observadas pela primeira vez pelo telescópio de raios-gama Fermi, da NASA, e receberam o mesmo nome do instrumento que possibilitou sua descoberta.
Medidas astronômicas podem ser difíceis de colocar em perspectiva, mas as Bolhas de Fermi realmente são enormes: juntas, elas têm metade do diâmetro de toda a nossa galáxia.
Pois é... Como todo esse material foi parar lá? Isso é o que muitos cientistas têm tentado explicar desde a descoberta das bolhas e o que uma pesquisa publicada em meados de maio, pelo The Astrophysical Journal, talvez tenha conseguido finalmente compreender. As Bolhas de Fermi, segundo o estudo, são resultado da "indigestão" de um buraco negro.
Fonte: Wikimedia Commons
Buracos negros não são seres vivos que têm estômago para ter uma indigestão no sentido literal da palavra, mas essa é uma boa analogia para entender o fenômeno que deu origem às Bolhas de Fermi.
Explicando por partes, há um buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia — ele é chamado de Sagittarius A* ou apenas Sgr A*, para os íntimos — e, como você deve saber, buracos negros "devoram" todo tipo de matéria ao seu redor. A questão é que, em algumas ocasiões, buracos negros que ingeriram muita matéria podem expelir parte dela de volta, em enormes jatos de energia. Fenômenos como esse já foram observados pela NASA em outras galáxias e formam a teoria defendida no artigo da The Astrophysical Journal para explicar a origem das Bolhas de Fermi.
Usando diversas simulações de computador, os pesquisadores conseguiram estimar que a tal "indigestão" do buraco negro Sgr A* aconteceu há cerca de seis milhões de anos, quando uma onda de choque expeliu dois enormes jatos de matéria ionizada, um para cada lado do centro da galáxia. Esses jatos, segundo os cálculos dos pesquisadores, teriam durado cerca de um milhão de anos. Depois disso, as bolhas continuaram se expandindo, até chegar ao seu gigantesco — e impressionante! — formato atual.