Rinoceronte-lanudo não foi extinto pelo homem, mas pelo clima

17/08/2020 às 03:002 min de leitura

Uma pesquisa publicada na revista científica Current Biology na última quinta-feira (13) acaba de absolver o Homo sapiens de um crime que lhe era atribuído há muito tempo: a extinção dos rinocerontes-lanudos da Era do Gelo. O culpado na verdade foi o clima.

Os pesquisadores realizaram o estudo sobre populações de rinocerontes-lanudos da Sibéria utilizando o DNA de amostras de tecido, ossos e pelos de 14 indivíduos. A técnica do DNA antigo permite sequenciar geneticamente os genomas mitocondriais dos espécimes preservados.

O resultado das análises permitiu aos pesquisadores estimar o tamanho das populações e a diversidade genética dentro dos grupos. Esse foi um dos primeiros estudos a utilizar genomas antigos completos para examinar as respostas das espécies às mudanças climáticas que antecederam à extinção.

Fonte: Digital Trends/ReproduçãoFonte: Digital Trends/Reprodução

O que é um rinoceronte-lanudo?

O rinoceronte-lanudo (Coelodonta antiquitatis) foi um mega-herbívoro adaptado ao frio que habitou vastas regiões do norte da Eurásia durante o Pleistoceno Superior e cuja extinção ocorreu há aproximadamente 14 mil anos. 

O estudo revelou que as populações de rinocerontes-lanudos se adaptaram geneticamente por dezenas de milhares de anos até a sua extinção. Padrões genéticos de suas populações e taxas estimadas de endogamia mostraram que as manadas permaneceram estáveis muito depois que os humanos começaram a viver na Sibéria.

A estabilidade permaneceu desde 29 mil anos atrás, no início do período glacial, até 18,5 mil anos quando o conjunto de dados do estudo terminou. Contudo, os cientistas atestam que o rinoceronte-lanudo não foi extinto até cerca de 14 mil anos atrás, o que denota a ocorrência de impactos dramáticos ocorridos para a espécie nos 4,5 mil anos que se seguiram ao alcance do estudo.

O fim dos lanudos

Fonte: Fedor Shidlovskiy/ReproduçãoFonte: Fedor Shidlovskiy/Reprodução

O sequenciamento do gene revelou mudanças num receptor da pele capaz de detectar o calor e o frio. Essa mutação "adaptativa" permitiu que os rinocerontes-lanudos se adaptassem bem ao clima gelado do nordeste da Sibéria. Ou seja, não foi também o clima frio o responsável pela extinção.

Segundo o estudo, "a contração da população que leva à extinção do rinoceronte-lanudo pode ter sido repentina e principalmente causada pelo rápido aquecimento no interstadial de Bølling-Allerød". A bizarra conclusão é de que uma onda de calor, ocorrida antes da Era do Gelo, pode ter extinguido o rinoceronte-lanudo.

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