'Silhuetas de areia' aparecem em cemitério inglês de 1.400 anos

26/09/2020 às 09:002 min de leitura

Cerca de 200 túmulos foram descobertos por trabalhadores em Suffolk, Inglaterra, durante o início da construção de um complexo habitacional. Vazios, os túmulos possuíam contornos “fantasmagóricos” de esqueletos que foram enterrados há quase 1.500 anos durante o domínio anglo-saxão no que seria um dos maiores cemitérios abandonados da Idade Média na região.

Segundo especialistas da Archaeological Solutions Ltd., as tumbas vazias são resultado de uma alta acidez do solo no distrito de Oulton, que reduziram os ossos enterrados a cinzas, responsáveis por moldar as silhuetas dos mortos. Dentre os identificados, homens, mulheres e crianças foram enterrados no local, supostamente todos sendo membros da mesma comunidade.

“Devido ao solo altamente ácido, os esqueletos praticamente desapareceram e foram preservados como formas frágeis e sombras na areia”, disse o escavador Andrew Peachey, completando que não somente as silhuetas de cadáveres foram identificadas, mas também “traços dos caixões de madeira em que alguns dos indivíduos foram enterrados”.

(Fonte: Serviço Arqueológico do Conselho do Condado de Suffolk/Reprodução)
(Fonte: Conselho do Condado de Suffolk/Reprodução)

Espalhados pelo local, itens como contas de âmbar, moedas de prata, broches de pulso e pequenas facas de ferro também foram encontrados pela equipe de escavadores, revelando que o local estabeleceu uma comunidade antiga não apenas especializada em agricultura, mas em manufatura e fabricação de recursos. Alguns armamentos como espada, escudo e pontas de lanças também estavam no cemitério.

Laços de parentesco com o Reino de East Anglia

Peachey sugeriu que a descoberta do cemitério de Suffolk pode significar uma escavação ainda mais importante para sua equipe e estudiosos. As quase 200 tumbas estão localizadas a cerca de 64 quilômetros de distância do cemitério real de Sutton Hoo, onde cadáveres da realeza anglo-saxônica foram enterrados durante os séculos VI e VII.

(Fonte: Conselho do Condado de Suffolk/Reprodução)
(Fonte: Conselho do Condado de Suffolk/Reprodução)

Conhecido também por ter sido o local em que o rei Raedwald foi enterrado, suas terras eram uma expansão do reino de East Anglia e pode apontar que os vínculos refletiam nas tradições e nos laços da população que habitava a pequena comunidade.

“É importante supervisionar e registrar este trabalho para que possamos entender a comunidade enterrada aqui e suas conexões com outras descobertas em Oulton e nos assentamentos e cemitérios próximos em Carlton Colville e Flixton”, concluíram especialistas do Serviço Arqueológico do Conselho do Condado de Suffolk.

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