Estilo de vida
26/06/2021 às 05:00•2 min de leitura
Durante expedições nas montanhas de Idaho, Estados Unidos, ecologistas da Universidade Estadual de Boise estudaram sobre o impacto dos sons naturais de rios na vida animal, fundamentados sob a hipótese de que esses ruídos poderiam trazer reflexos no comportamento de caça de pássaros, morcegos e em seus ecossistemas.
A pesquisa ocorreu na Pioneer Mountain, pico de 3.208 metros de altura drenado pelos afluentes do riacho Muldoon e do Star Hope Creek, e consistiu na observação de "rios fantasmas", conhecidos por encherem o ar com fluxos suaves e rugidos das águas límpidas. "Há muitas pesquisas sugerindo que o ruído [humano] afeta negativamente [os animais], como na comunicação, na alimentação, na reprodução e até mesmo na sobrevivência", disse Dylan Gomes, líder do projeto.
(Fonte: Idaho Statesman / Reprodução)
Para conseguir estudar a vida nos arredores dos "rios fantasmas", os pesquisadores instalaram cerca de 60 pontos de checagem na beira de córregos, contando com o suporte de 3,5 toneladas de alto-falantes, painéis solares e outros equipamentos para o campo. A proposta por trás da montagem de um complexo sistema de áudio foi transmitir, em diferentes frequências, os sons de rios, criando uma ilusão auditiva que poderia impactar na mudança de hábito de animais.
Os ecologistas concentraram suas avaliações em pássaros e morcegos, e criaram diversas condições ambientes que pudessem estimular eventos distintos. Segundo a equipe, para cada aumento de 12 decibéis no volume das águas, a presença de aves diminuiu aproximadamente 7%, enquanto a atividade de morcegos foi reduzida em cerca de 8%.
Durante os trabalhos, Gomes espalhou 720 lagartas falsas de argila entre os salgueiros, árvores comumente procuradas por pássaros. A partir disso, o aumento nos decibéis sugeriu uma perturbação nos hábitos alimentares das aves, já que foi identificada uma significativa redução na busca por presas e no movimento de caça.
(Fonte: Idaho Statesman / Reprodução)
Em relação aos morcegos, uma redução no comportamento alimentar foi observada logo após as máquinas simularem sons de insetos, estimulando assim a ecolocalização ativa dos mamíferos. Curiosamente, as criaturas pareceram mais agitadas quando sentiram as vibrações sonoras, e tudo indica que foi devido à ampliação da percepção ambiente.
"Se as mudanças nos ruídos naturais podem influenciar tão facilmente onde os animais vivem e como eles se alimentam, então é ainda mais crucial gerenciar e mitigar os ruídos de invasão rápida das pessoas", conclui o ecologista.