Hipótese da Arma de Clatratos: como o oceano pode nos destruir?

14/12/2021 às 12:002 min de leitura

Os clatratos de metano são formas de gás metano, também conhecidos como gelo de metano, aprisionados em água gelada, descobertos sob sedimentos oceânicos em todo o mundo em uma espécie de depósito, formados a partir de micróbios que desoxidam o dióxido de carbono e o convertem em metano.

São encontrados apenas nas plataformas continentais em baixas concentrações, cerca de 1% em volume. Contudo, comprimido em uma gaiola de gelo, o metano tem densidade relativamente alta, então 1 litro de clatrato pode conter 168 litros de gás metano, sendo 62 vezes mais poderoso do que o dióxido de carbono do efeito estufa.

Existe uma teoria científica chamada Hipótese da Arma de Clatratos, que sugere que o aumento da temperatura do mar pode causar a liberação em massa e repentina de metano dos clatratos de metano do fundo do oceano, desencadeando um aquecimento global catastrófico e provocando uma alteração do meio ambiente aquático e da atmosfera da Terra, similar ao que pode ter acontecido segundo a teoria da extinção permiano-triássica, ocorrida há cerca de 252 milhões de anos.

A possibilidade

(Fonte: Business Standard/Reprodução)(Fonte: Business Standard/Reprodução)

Cientistas apostam que uma liberação de clatratos teria sido a responsável pela aniquilação de 99% de todas as espécies terrestres do período Permiano, provocada por um gatilho externo, como os sulfetos liberados na erupção de um supervulcão.

Estima-se que 1 milhão de quilômetros cúbicos de lava tenha sido liberado ao longo de 1 milhão de anos através de um complexo vulcânico perto do Polo Norte. Sendo assim, uma quantidade inestimável de lava teria escorrido para as plataformas continentais, derretendo os clatratos e liberando grandes quantidades de metano.

Isso teria causado um efeito de retroalimentação ao aquecer a Terra e tornar mais provável que os clatratos de metano derretessem, apesar de o metano permanecer apenas por 12 anos na atmosfera terrestre. O gelo derrete a 0 °C, mas os clatratos podem permanecer sólidos até 18 °C por estarem sob pressão suficiente; se ultrapassassem, eles seriam liberados em toneladas gigantescas, causando um efeito devastador para toda forma de vida no planeta.

Uma vez que esse fenômeno começasse, ele nunca mais poderia ser interrompido, e conforme o planeta fosse se aquecendo a circulação nos oceanos diminuiria, tornando anóxicas grandes áreas e causando a morte de bilhares de vidas.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Em setembro de 2008, o Laboratório Nacional do Departamento de Energia dos Estados Unidos e o Programa de Ciência das Mudanças Climáticas do Serviço Geológico dos EUA identificaram a potencial desestabilização de clatratos no Ártico como um dos quatro mais graves cenários de mudanças climáticas abruptas. Foi divulgado um relatório no fim de dezembro daquele ano apontando que os cientistas que viajaram para a região a bordo de um barco russo afirmaram terem provas de que milhões de toneladas de metano estão escapando para a atmosfera.

Em 2020, altos níveis de gás metano foram detectados a 350 metros no Mar de Laptev, perto da Rússia. A grande preocupação dos pesquisadores é que um novo ciclo de retroalimentação climática tenha sido acionado, podendo acelerar o ritmo do aquecimento global e até causar uma catástrofe inesperada — mas prevista.

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