Ciência
26/02/2024 às 13:00•2 min de leitura
A escala Saffir-Simpson (SSHWS, na sigla em inglês) foi criada em 1969 pelo engenheiro civil Herbert Saffir e pelo meteorologista Robert Simpson, visando classificar ciclones tropicais. O objetivo era, a partir da velocidade dos ventos, conseguir categorizar diferentes tempestades para ajudar nos seus estudos e permitir que autoridades tivessem uma compreensão maior do que estava por vir.
Atualmente, a SSHWS conta com cinco categorias diferentes. Um ciclone recebe a classificação de categoria 5, a mais alta de todas, se tiver velocidade média de vento superior a 252 km/h. Porém, os furacões têm se tornado mais intensos ao longo da última década. Isso fez com que alguns cientistas começassem a sugerir uma nova categoria para refletir melhor sua intensidade: categoria 6.
Destruição deixada pelo Tufão Haiyan nas Filipinas, em 2013. (Fonte: GettyImages)
Um estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) constatou o surgimento de tempestades cada vez mais severas. São ciclones com ventos que ultrapassam os 309 km/h. Desde 2013, pelo menos cinco tempestades já alcançaram tal magnitude: Furacão Patricia (México), Tufão Meranti, Tufão Goni, Tufão Haiyan e Tufão Surigae (todos no sudeste asiático, atingindo, principalmente, as Filipinas).
O estudo foi conduzido por Michael Wehner, do Lawrence Berkeley National Laboratory, na Califórnia, e James P. Kossin, da Universidade de Wisconsin-Madison. O objetivo deles é chamar a atenção para o fato que, em apenas uma década, tempestades cada vez mais fortes se tornaram mais comuns. Isso indica que a atual classificação não evidencia o potencial catastrófico de tempestades de categoria 5.
Para a dupla, incluir a categoria 6 na SSHWS iria permitir que as autoridades tivessem uma melhor compreensão dos riscos e possíveis danos de um ciclone. Hoje, quando uma tempestade é classificada na categoria 5, ela apenas indica ventos superiores a 252 km/h.
(Fonte: GettyImages)
O principal ponto destacado no estudo de Wehner e Kossin é a maneira como as mudanças climáticas já aumentaram a intensidade das tempestades em todo o mundo. E, a partir desta percepção, eles esperam que ciclones que possam ser incluídos em uma categoria 6 se tornem cada vez mais comuns.
“O aquecimento global já aumentou significativamente as temperaturas da superfície do oceano e do ar troposférico em regiões onde os ciclones tropicais se formam e se propagam”, disseram os pesquisadores no estudo. “O aumento resultante na energia térmica sensível e latente disponível aumenta o potencial termodinâmico de intensidade dos ventos dessas tempestades”.
Dentre as várias maneiras que as mudanças climáticas podem impactar os ciclones, furacões e tufões, a principal está no aumento da superfície dos oceanos. Quanto mais quentes as águas estiverem, mais energia é carregada para os furacões, o que pode levar a uma maior intensidade e velocidades de vento mais rápidas.
Além disso, as mudanças climáticas podem diminuir o movimento dos furacões enquanto eles se deslocam por regiões geográficas. Isso permite que o furacão permaneça sobre uma área por mais tempo, aumentando assim a quantidade de danos que pode causar.