Conheça Tião, o "golfinho assassino" de Caraguatatuba

26/12/2024 às 21:002 min de leituraAtualizado em 26/12/2024 às 21:00

Sempre nos encantamos quando vemos golfinhos em algum documentário ou mesmo em um aquário. Sorridentes, esses mamíferos são geralmente vistos como inteligentes, sociais e amigáveis. No entanto, como fazem parte da cadeia alimentar, são predadores de peixes, lulas e outros animais marinhos. Mas seres humanos, com certeza, não fazem parte de sua dieta.

Por isso esse caso, ocorrido há 30 anos na praia Martim de Sá, em Caraguatatuba (SP), é tão triste e trágico. O protagonista, Tião, era um golfinho curioso, que ficou famoso na época, quando adotou a cidade como seu habitat compartilhado com os humanos. Ele interagia diariamente com os moradores e turistas, e costumava dar um passeio até o píer da vizinha São Sebastião.

Tião era um cetáceo parecido com o icônico Flipper, da antiga série de TV, chamado golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus). Com idade entre 15 a 18 anos, ele tinha 2,60 metros de comprimento, pesava 200 quilos, era macho e da cor cinza.

A tragédia do golfinho Tião

x. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Agredido pelos turistas, o golfinho se defendeu. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Com sua disponibilidade para interagir com seres humanos, Tião logo se tornou o centro de atenções da praia, cercado por banhistas que tentavam pegar uma carona em suas costas ou se agarrar em sua barbatana dorsal, segundo a BBC.  Mas alguns curiosos acabaram exagerando na intimidade com o bicho, chegando ao ponto de introduzir palitos no seu espiráculo (respirador).

Enfurecido, o animal feriu entre 27 a 29 pessoas, o que levou o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) a colocar boias, para isolar o animal dos banhistas.

No entanto, na tarde do dia 8 de dezembro de 1994, dois homens, João Paulo Moreira de 30 anos e Wilson Regis Pedroso, de 41, resolveram "brincar" com o golfinho. Numa das tentativas para montá-lo, segundo o diretor do Ibama, José Luiz Roma, o bicho os atacou para se defender. Wilson teve uma das costelas quebradas e João Paulo faleceu em decorrência de uma hemorragia interna, segundo a Folha de S. Paulo.

O que aconteceu com o golfinho?

Depois do acidente, Tião deixou a praia de Caraguatatuba espontaneamente. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Depois do acidente, Tião deixou a praia de Caraguatatuba espontaneamente. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

O acidente de Caraguatatuba repercutiu mundialmente não só pelo fato de a morte de um turista por um golfinho ser um evento raríssimo, mas também pela imagem universal desses cetáceos, de serem amigáveis com os seres humanos. 

Até mesmo golfinhos maiores e aparentemente agressivos, como as orcas (erroneamente chamados de baleias), não têm histórico de agressões a seres humanos.

Segundo a BBC, a morte do turista desencadeou também um programa de gerenciamento para evitar mais ferimentos ou fatalidades. O objetivo foi conscientizar a população sobre os riscos de interações prejudiciais (leia-se provocações a animais selvagens), com consequências graves para ambas as espécies. 

Com o estigma imerecido de "assassino", Tião deixou espontaneamente o balneário, e nunca mais foi visto.

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