Polo Norte magnético mudou oficialmente de posição

24/12/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 24/12/2024 às 12:00

Prepare-se para recalibrar sistemas de navegação: o Polo Norte Magnético, que sempre foi um guia para bússolas e GPS, mudou oficialmente de posição mais uma vez. Agora, ele está se afastando do Canadá e rumando em direção à Sibéria, confirmaram especialistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) e do Serviço Geológico Britânico (BGS).

Enquanto o Polo Norte Geográfico permanece fixo no topo do eixo rotacional da Terra, o Polo Norte Magnético, onde o campo magnético terrestre aponta diretamente para baixo, está em constante movimento. Esse fenômeno acontece devido às mudanças nos metais líquidos – como ferro e níquel – dentro do núcleo do nosso planeta. E essas mudanças têm impactos diretos na navegação, seja no ar, no mar ou em terra firme.

Uma corrida magnética sem precedentes

Novo modelo do Polo Norte Magnético foi apresentado nos últimos dias. (Fonte: NOAA/Divulgação)
Novo modelo do Polo Norte Magnético foi apresentado nos últimos dias. (Fonte: NOAA/Divulgação)

Historicamente, o Polo Norte Magnético tem vagado lentamente pelo Canadá desde os anos 1500. Mas, nos últimos 20 anos, algo inesperado aconteceu: ele acelerou em direção à Sibéria, alcançando uma velocidade impressionante de 50 km por ano. “O comportamento atual do polo magnético é algo que nunca observamos antes”, afirmou William Brown, especialista em modelagem geomagnética do BGS.

No entanto, essa "corrida magnética" perdeu um pouco de força nos últimos cinco anos, reduzindo sua velocidade para 35 km anuais. Apesar da desaceleração, o fenômeno ainda intriga os cientistas. Estudos sugerem que dois "lobos magnéticos gigantes", um sob o Canadá e outro sob a Sibéria, estão impulsionando essa movimentação. Em casos extremos, mudanças rápidas no polo até exigem atualizações emergenciais nos mapas magnéticos, algo que já aconteceu no passado.

Agora, com a nova edição do World Magnetic Model (WMM), publicada a cada cinco anos, temos um mapa mais preciso do Polo Norte Magnético, incluindo uma resolução inédita, com detalhes 10 vezes mais avançados. Para se ter uma ideia, voar 8.500 km da África do Sul ao Reino Unido usando o modelo anterior resultaria em um desvio de 150 km – um erro que a nova versão corrige.

Impactos tecnológicos e históricos

Embora a atualização do WMM tenha impactos diretos na navegação marítima, aérea e logística global, os usuários comuns não precisam se preocupar. Smartphones e GPS já ajustam automaticamente as mudanças no campo magnético, graças à tecnologia moderna.

Descoberto pela primeira vez por Sir James Clark Ross em 1831, o Polo Norte Magnético já foi rastreado com medições terrestres e, mais recentemente, por satélites. Hoje, graças à precisão científica, sabemos mais sobre sua trajetória – e os desafios que ela representa.

Para os cientistas, as mudanças no polo magnético são mais do que uma curiosidade geológica. Elas são um lembrete de como nosso planeta está em constante evolução, oferecendo desafios e aprendizados sobre as forças invisíveis que moldam nosso mundo.

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