Como saltos cósmicos explicam as formas planas do Universo?

28/09/2024 às 09:002 min de leituraAtualizado em 28/09/2024 às 09:00

Nos últimos anos, cientistas e astrônomos têm se intrigado com a ideia de que o universo pode ser um enorme espaço plano, parecido com uma folha de papel infinita. O fato de ele ser tão surpreendentemente plano, em vez de curvado ou distorcido, gera debates e inspira novas teorias. Uma dessas teorias propõe que essa planura possa ser explicada por ciclos cósmicos de "saltos", o que dá uma nova perspectiva sobre como o universo evolui ao longo do tempo.

Tradicionalmente, o modelo mais aceito sobre a origem do universo é o do Big Bang, que propõe que o universo começou em um estado extremamente quente e denso e, desde então, tem se expandido e esfriado. No entanto, a teoria do Big Bang enfrenta desafios quando se trata de explicar por que o universo é tão plano. 

De acordo com a teoria da inflação, uma breve e explosiva expansão do universo logo após o Big Bang teria esticado qualquer curvatura inicial para tornar o universo plano. Mas essa explicação não é a única no campo da cosmologia. Surge agora uma alternativa intrigante: o modelo de "saltos" do universo.

Universo saltitante

Imagem mostra as particularidades do parâmetro de densidade para um universo fechado, aberto ou plano. (Fonte: NASA/WMAP Science Team/ Divulgação)
Imagem mostra as particularidades do parâmetro de densidade para um universo fechado, aberto ou plano. (Fonte: NASA/WMAP Science Team/ Divulgação)

O conceito de um universo plano se refere a uma geometria em que as linhas paralelas permanecem paralelas e a soma dos ângulos internos de um triângulo é sempre 180 graus, como na geometria euclidiana que aprendemos na escola. Essa planura é determinada pela densidade do universo. 

Se a densidade média da matéria no universo corresponde exatamente a um valor crítico conhecido como "densidade crítica", o universo é plano. Valores diferentes dessa densidade resultariam em uma geometria mais curvada, como uma esfera ou uma sela. As observações atuais sugerem que a densidade do universo está muito próxima dessa densidade crítica, mas não exatamente igual a ela, o que complica o cenário.

É aqui que o modelo de "saltos" entra em cena. No lugar de uma única expansão contínua, este modelo sugere que o universo passa por ciclos de expansão e contração, uma espécie de "salto" entre estados diferentes. Esse modelo cíclico tem o potencial de explicar a planura do universo de uma maneira diferente. 

Em vez de depender de uma inflação extremamente rápida para esticar o universo e suavizar suas curvaturas, o modelo de saltos propõe que o universo possa ter experimentado múltiplos ciclos de expansão e contração, resultando em uma planura aparente.

Respondendo outras questões

Universo pode não ter tido uma singularidade inicial. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Universo pode não ter tido uma singularidade inicial. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)

Um aspecto fascinante desse modelo é que ele aborda também outros problemas da cosmologia atual, como o problema da matéria escura e a singularidade inicial. De acordo com a nova pesquisa, durante esses ciclos, perturbações na curvatura do espaço-tempo podem ocorrer, levando à formação de buracos negros primordiais

Esses buracos negros, que são remanescentes de épocas anteriores ao Big Bang, poderiam explicar uma parte significativa da matéria escura, um componente misterioso que não interage com a luz, mas que influencia a estrutura do universo.

Além disso, o modelo cíclico pode ajudar a resolver o "problema do horizonte", que é um questionamento sobre o fato de o universo ser, em grandes escalas, homogêneo e possuir as mesmas características físicas independentemente da região. Com a teoria do ciclo cósmico em saltos, não haveria a singularidade inicial, justificando a uniformização do cosmos.

Embora o modelo de saltos ainda esteja longe de ser amplamente aceito e confirmado, ele oferece uma perspectiva nova e excitante sobre o universo. As futuras pesquisas e descobertas podem, quem sabe, validar ou refutar essa teoria, mas, por enquanto, ela nos dá uma nova maneira de pensar sobre a planura do cosmos e a complexidade de sua evolução. 

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