Ciência
02/12/2024 às 03:00•2 min de leituraAtualizado em 02/12/2024 às 03:00
Quem nunca viu um cachorro se sacudindo como se estivesse tentando espalhar a água para todos os lados, depois de um banho ou um mergulho na piscina? Se você achava que era só uma forma fofa de se livrar da água, a ciência tem algo novo para contar sobre esse reflexo dos nossos amigos peludos.
Segundo uma pesquisa liderada pelo Dr. Dawei Zhang, do Instituto Médico Howard Hughes da Harvard Medical School, as sacudidas estão relacionadas a uma resposta neurobiológica bem complexa, mas que ajuda a explicar por que os cães (e até outros mamíferos) sacodem o corpo dessa forma tão característica.
Para entender o que acontece no corpo do cão enquanto ele se sacode, cientistas usaram técnicas inovadoras e descobriram que os C-LTMRs (mecanorreceptores de baixo limiar de fibra C) são os responsáveis por detectar estímulos pequenos, como gotas de água ou até parasitas.
Localizados nos folículos pilosos, esses receptores percebem toques leves ou irritantes na pele e enviam sinais ao cérebro, gerando o chacoalhão. Os pesquisadores conseguiram induzir os movimentos em camundongos usando uma técnica chamada optogenética, o que confirmou que os C-LTMRs são essenciais para a sacudida. Quando esses receptores foram removidos, o comportamento de agitação ficou bem mais fraco.
A pesquisa também sugere que o chacoalhão tem uma função protetora, ajudando os animais a se livrarem de irritantes ou substâncias prejudiciais à pele. Ou seja, os movimentos têm um propósito muito mais útil do que pensamos!
Aqui vai uma curiosidade divertida. O reflexo de agitar o corpo tem uma conexão com algo que todos nós já sentimos: as cócegas! Isso mesmo, surpreendentemente, os mesmos receptores que desencadeiam o chacoalhão em cães, os C-LTMRs, também estão ligados à sensação de cócegas nos humanos.
Isso explica por que tanto o reflexo de sacudir quanto a sensação de cócegas podem persistir após o estímulo inicial. No contexto evolutivo, esse reflexo funciona como uma defesa compartilhada entre várias espécies, ajudando a remover agentes externos da pele.
No fim das contas, se sacudir não é só uma reação fofa e engraçada, mas a maneira que muitos mamíferos, inclusive os cães, têm de se livrar de coisas irritantes. Então, o que parecia apenas uma forma de evitar que eles ficassem molhados, na real, é um reflexo protetor super antigo e bem enraizado na evolução dos mamíferos.