Artes/cultura
07/10/2024 às 06:00•2 min de leituraAtualizado em 07/10/2024 às 06:00
Você já ouviu falar na expressão "afundar ou nadar"? Ela simboliza situações de extremo estresse e pressão, onde a única saída é lutar ou sucumbir. Embora seja uma metáfora amplamente utilizada, a ideia de que tubarões morrem se pararem de nadar também se tornou um mito bastante popular. No entanto, como muitas crenças sobre o comportamento animal, essa afirmação não é completamente verdadeira para todos os tubarões.
A ideia de que "um tubarão morre se parar de nadar" não se aplica a todas as espécies, pois diferentes tubarões adotam diferentes estratégias para se manterem vivos. O que pode parecer uma verdade simples é, na realidade, uma questão muito mais complexa, envolvendo tanto aspectos de respiração quanto de flutuabilidade.
Há dois principais fatores que fazem com que algumas espécies de tubarões precisem continuar nadando: a respiração e a flutuabilidade. Diferente da maioria dos peixes, que possuem uma bexiga natatória — um órgão que ajuda a controlar a flutuabilidade —, os tubarões pertencem ao grupo dos condrictes, ou seja, peixes cartilaginosos que não possuem essa estrutura.
Para se manterem flutuando e não afundarem, os tubarões usam suas grandes nadadeiras peitorais, que funcionam como asas de avião e geram sustentação. Além disso, o fígado dos tubarões armazena grandes quantidades de óleo, o que também ajuda a mantê-los "boiando".
Contudo, sem a bexiga natatória, eles precisam nadar constantemente para evitar afundar, gastando energia para se manter na coluna d’água. Esse gasto de energia é compensado pela sua capacidade de se mover livremente em diferentes profundidades, algo que muitos peixes ósseos não conseguem fazer com facilidade, já que mudanças bruscas de profundidade podem causar a expansão perigosa da bexiga natatória.
Certas espécies, como o tubarão-branco e o tubarão-mako, são obrigadas a nadar para garantir que a água continue fluindo sobre suas brânquias, um processo chamado ventilação ramificada. Sem esse fluxo constante de água, esses tubarões não conseguem obter oxigênio suficiente e eventualmente sufocariam. Eles são chamados de ventiladores obrigatórios.
No entanto, nem todos os tubarões dependem desse mecanismo. Espécies de fundo, como o tubarão-enfermeiro e os cações, têm a capacidade de respirar enquanto estão parados — utilizando uma técnica chamada ventilação bucal.. Essas espécies têm estruturas chamadas espiráculos, pequenas aberturas atrás dos olhos que ajudam na entrada de água, permitindo que respirem sem a necessidade de natação constante.
Portanto, a ideia de que todo tubarão morreria se parasse de nadar é um mito. Na realidade, apenas algumas espécies de tubarões são obrigadas a manter o movimento contínuo para respirar e flutuar, enquanto outras podem descansar no fundo do oceano por longos períodos sem risco de afogamento.