Ciência
18/12/2024 às 06:00•2 min de leituraAtualizado em 18/12/2024 às 06:00
Nem sempre é fácil remontar os primeiros capítulos da história da Terra, mas a ciência, como sempre, deu um jeitinho. Um minúsculo cristal de zircão encontrado no remoto outback da Austrália Ocidental, em Jack Hills, pode ser a chave para entender os primórdios do nosso planeta. Datado de impressionantes 4,4 bilhões de anos, este cristal é o mais antigo pedaço da Terra já descoberto. Mas calma, ele não é a coisa mais velha que já encontramos por aqui — tem poeira estelar que bate esse recorde fácil!
Em 2014, uma equipe de cientistas confirmou a idade dessa relíquia: cerca de 4,39 bilhões de anos, com uma margem de erro de alguns milhões de anos para lá ou para cá. Para ter uma ideia, isso significa que o cristal se formou pouco tempo depois do sistema solar surgir. Enquanto nós, meros humanos, tentamos juntar os cacos da nossa história recente, esse zircão estava por aí há muito, muito tempo, guardando segredos da Terra primitiva.
Zircões não são cristais comuns. Eles se formam em magmas resfriados e são extremamente resistentes — verdadeiras cápsulas do tempo que sobrevivem a bilhões de anos de calor e pressão. Apesar de ser pequeno o suficiente para passar despercebido pelo olho humano, o zircão de Jack Hills traz informações gigantescas sobre a evolução do planeta.
Esse cristalzinho nasceu apenas 160 milhões de anos após o surgimento do sistema solar. Na época, a Terra era praticamente um inferno em chamas, resultado de um choque com um objeto do tamanho de Marte que formou a nossa Lua. Só que, surpreendentemente, o zircão sugere que esse caos não durou tanto assim. Se ele já existia há 4,4 bilhões de anos, a Terra deve ter resfriado rápido o suficiente para formar uma crosta sólida.
Essa descoberta também aponta para outra ideia fascinante: o surgimento de água líquida por volta de 4,3 bilhões de anos atrás. E onde há água, há esperança para vida! Segundo o geochemista John Valley, da Universidade de Wisconsin-Madison, o zircão confirma como a Terra se tornou habitável e pode até ajudar a entender como outros planetas podem seguir o mesmo caminho.
Agora, se a ideia de um cristal de 4,4 bilhões de anos já é impressionante, espere até conhecer os verdadeiros anciões do pedaço. Em 1969, na cidade de Murchison, Austrália, um meteorito caiu trazendo consigo grãos de poeira estelar datados entre 5 e 7 bilhões de anos.
Esses fragmentos são mais velhos do que o próprio sistema solar e sugerem que a Via Láctea passou por um período de intensa formação de estrelas naquela época. Esses grãos intergalácticos são a lembrança de que, por mais antigo que o zircão seja, ele ainda é "jovem" em comparação com as relíquias do cosmos.
A Terra pode ter suas histórias antigas, mas o universo tem contos ainda mais épicos para contar. Afinal, somos todos feitos de poeira das estrelas, e essas pequenas partículas nos lembram do quão vasto e antigo é o espaço que chamamos de lar.