Estilo de vida
21/09/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 21/09/2024 às 09:00
Recentemente, uma pesquisa conduzida pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA e pela Northwestern University trouxe uma revelação preocupante: substâncias químicas presentes em produtos do nosso cotidiano podem estar acelerando a puberdade em meninas.
O estudo, publicado na revista Endocrinology, descobriu que certas fragrâncias podem ativar mecanismos biológicos que iniciam a puberdade mais cedo.
Ao longo dos anos, a idade média do início da puberdade vem diminuído globalmente. Embora a raça e a situação socioeconômica desempenhem um papel importante nisso, a rapidez com que essas mudanças ocorrem sugere que fatores ambientais também podem estar envolvidos.
Dentre esses fatores, a exposição a fragrâncias presentes em cosméticos e produtos de higiene pessoal tem sido identificada como uma possível causa. Para avaliar isso, os pesquisadores focaram nos neurônios responsáveis pela liberação de hormônios que iniciam a puberdade, como o GnRH.
Em uma abordagem inovadora, eles analisaram cerca de 10 mil substâncias em culturas de células HEK293 e hipotalâmicas. Dentre essas substâncias, a ambreta almiscarada, presente em perfumes e cosméticos, se destacou como uma potencial ativadora dos receptores kisspeptina e GnRH, podendo acelerar a puberdade.
Embora essa substância tenha sido banida na União Europeia devido à sua neurotoxicidade, ainda é fabricada e encontrada em alguns produtos, especialmente na China e na Índia. Estudos em culturas de células e modelos animais mostraram que esse tipo de almíscar pode interferir no funcionamento dos neurônios responsáveis pela puberdade, antecipando o início da maturação reprodutiva.
A puberdade precoce é uma questão de saúde que vai muito além das mudanças físicas que provoca. Começar a puberdade mais cedo do que o esperado, pode trazer uma série de desafios emocionais e sociais, como estigmatização, dificuldades para se adaptar às mudanças no corpo e lidar com questões como ansiedade, depressão e distúrbios alimentares.
Mas os impactos não param por aí. A puberdade precoce também está ligada a riscos físicos sérios. As meninas que amadurecem mais cedo têm mais chances de desenvolver problemas de saúde no futuro, como doenças cardiovasculares e câncer de mama.
Além disso, essa maturação antecipada pode prejudicar o desenvolvimento ósseo e a saúde geral durante a adolescência. Junto a outros fatores, como mudanças na dieta e aumento da obesidade infantil, a situação se torna ainda mais complexa.
A informação de que até fragrâncias podem influenciar o desenvolvimento reprodutivo feminino nos faz refletir sobre os impactos das substâncias químicas em nosso dia a dia. É preciso adotar medidas mais rigorosas de regulação e promover a conscientização sobre os riscos desses compostos para proteger a saúde e o bem-estar das futuras gerações.