Humanos amam comer carboidratos há 800 mil anos, diz estudo

22/10/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 22/10/2024 às 12:00

Você é apaixonado por pães, macarrão, arroz e doces em geral, e às vezes se sente meio culpado por isso? Pode ficar tranquilo: você não é o único a ter essa preferência.

A explicação sobre essa nossa predileção pelos carboidratos pode estar nos genes – e, mais do que isso, é bem provável que essa mutação genética tenha se originado há 800 mil anos.

Os genes dos carboidratos

(Fonte: GettyImages / Reprodução)
O gene da amilase salivar traz a capacidade de digerir carboidratos. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Novas pesquisas têm mostrado que nossa espécie possui muitas cópias dos genes que nos permitem começar a quebrar carboidratos complexos em nossas bocas. Ou seja, falamos aqui do momento em que nosso metabolismo foi se adaptando para digerir os alimentos ricos em amido.

A explicação está na duplicação do gene da amilase salivar (AMY1), cuja quantidade pode variar de pessoa a pessoa. Estudos agora mostram que esse gene pode ter começado a multiplicar há mais de 800 mil anos – ou seja, antes mesmo dos seres humanos começarem a conhecer a agricultura.

O que se acredita é que essas duplicações abriram as portas para as variações genéticas que nos ajudam a digerir alimentos ricos em amido. A principal responsável é a amilase, uma enzima digestiva que quebra o amido em glicose, o que o corpo consegue usar como fonte de energia. Ela é produzida no pâncreas e nas glândulas salivares.

“A ideia é que quanto mais genes de amilase você tiver, mais amilase você pode produzir e mais amido você pode digerir efetivamente”, disse o antropólogo evolucionista Omer Gokcumen, pesquisador da Universidade de Buffalo, que é um dos autores do estudo.

Gokcumen e seus colegas fizeram um mapeamento óptico do genoma para mapear a região do gene AMY1. Eles analisaram os genomas de 68 humanos antigos, o que incluía uma amostra de um gene humano de 45 mil anos, colhido na Sibéria. Constataram então que os humanos da era pré-agrícola tinham em média de quatro a oito cópias AMY1 por célula diploide. Isso sugere que os primeiros indivíduos da Eurásia já digeriam carboidratos antes de começarem a plantar o trigo, o que fez aumentar a ingestão de amido.

O aumento do amido na alimentação

(Fonte: GettyImages / Reprodução)
O consumo de amigo começou a aumentar com o conhecimento da agricultura. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Para os pesquisadores, essa duplicação foi o que possibilitou que nossa espécie se adaptasse às grandes mudanças alimentares, à medida que o consumo de amido aumentava muito com novos tipos de comida. 

Ao longo do tempo, os humanos foram se espalhando por lugares mais quentes e mais frios onde encontravam diferentes fontes de alimentos. Então, a flexibilidade no número de cópias do AMY1 permitiu que eles pudessem se adaptar às novas dietas, especialmente as que eram mais ricas em amido.

"Após a duplicação inicial, levando a três cópias AMY1 em uma célula, o locus da amilase se tornou instável e começou a criar novas variações. De três cópias AMY1, você pode obter até nove cópias, ou mesmo voltar para uma cópia por célula haploide", explicou Charikleia Karageorgiou, que é geneticista evolucionista da Universidade de Buffalo, e também participou do estudo.

A própria agricultura pode ter impactado nas variações do AMY1. Isso porque os primeiros seres humanos que coletaram vegetais e caçaram animais tinham várias cópias de genes, só que foram os primeiros fazendeiros europeus que viram um aumento no número médio de cópias do AMY1 nos últimos 4 mil anos, o que provavelmente ocorreu devido às suas dietas ricas em amido. 

“Indivíduos com números de cópias AMY1 mais altos provavelmente estavam digerindo amido de forma mais eficiente e tendo mais descendentes. Suas linhagens acabaram se saindo melhor em um longo período evolutivo do que aquelas com números de cópias mais baixos, propagando o número de cópias AMY1', afirmou Gokcumen. 

Ou seja: se você é um dos tantos que não conseguem parar de preferir doces e carboidratos em geral, você pode agora se consolar que não está sozinho. E a resposta está na genética!

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