Perereca mutante azul raríssima é encontrada na Austrália

Conhecida como perereca magnífica, a Litoria splendida é um tipo de anuro raro, encontrado apenas nas florestas de Kimberley, na Austrália Ocidental. Com um tamanho avantajado, ela chega a crescer até 12 de centímetros de comprimento e tem como diferencial sua forte coloração verde, que funciona como camuflagem em seu habitat.

Por isso, foi com enorme surpresa que uma equipe de pesquisadores da Conservação da Vida Selvagem da Austrália (AWC) se deparou com um exemplar dessa perereca com a pele totalmente azul. A descoberta inédita pode ser consequência de uma mutação genética incomum, que prejudicou a produção de pigmentos amarelos do anfíbio.

Em um comunicado à imprensa, o ecologista de campo da AWC, Jake Barker, contou que a perereca diferente veio até eles e se empoleirou em um banco na oficina próxima ao centro de pesquisa. “As pererecas magníficas já são espetaculares, mas ver uma azul é uma chance única na vida", declarou.

Importâncias das cores para as pererecas

Ao longo de sua evolução no planeta, as pererecas desenvolveram uma série de adaptações para se camuflar de forma segura e eficaz em seus habitats. No caso das cores, elas se tornam verdes em áreas com folhagens densas, marrons em locais terrosos e até mesmo algumas cores mais vivas para se misturar a flores ou frutas. 

As pererecas também capricham na textura e forma do corpo: algumas delas têm protuberâncias na pele, para imitar musgos ou cascas de árvore no ambiente. Outras vezes ficam completamente imóveis para evitar serem detectadas.

No santuário de vida selvagem Charnley River-Artesian Range, as pererecas magníficas são endêmicas, explica Barker, mas não existem em nenhum outro lugar do mundo. "Essa é a grande coisa de trabalhar no Kimberley — você nunca sabe que vida selvagem rara verá a cada dia", concluiu.

Axantismo: por que a perereca muda de cor?

O axantismo é uma condição genética rara encontrada em diversos animais, inclusive em anfíbios. Ela é causada pela ausência parcial ou total de pigmentação na pele, olhos e outros órgãos. No caso das pererecas magníficas, esse foi o primeiro exemplar documentado até hoje.

Falando ao IFLScience, a curadora de Biologia da Conservação de Anfíbios e Répteis do Museu Australiano, Jodi Rowley, explicou que é muito raro uma perereca verde com pigmento amarelo faltando. No entanto, esse encontro único "destaca a espetacular diversidade dos anuros da Austrália". 

No caso da L. splendida, o axantismo pode representar uma série ameaça à sua existência, pois a eliminação da camuflagem verde pode expô-las aos predadores. Felizmente, a perereca tem um "plano B" para se defender: uma glândula parotoide disfarçada atrás dos olhos que secreta uma substância tóxica capaz de espantar potenciais predadores.