Yarlung Tsangpo: cânion mais profundo da Terra esconde árvore gigantesca

O Grande Cânion Yarlung Tsangpo é o maior cânion terrestre do mundo inteiro com 506 km de extensão e quase 6.133 metros de altura do topo ao fundo. Localizado na Região Autônoma do Tibete, ele incluiu alguns dos lugares mais acidentados e menos explorados do mundo, incluindo uma seção traiçoeira onde passa dois picos imponentes: Namcha Barwa, com 7.782 de altura, e Gyala Peri, com 7.294 metros.

E como se já não tivesse quebrado recordes o suficiente, o cânion também abrira a árvore mais alta já descoberta na Ásia: um ciprestre de 102 metros de altura. A árvore foi medida pela Universidade de Pequim em maio de 2023 como parte de uma pesquisa ecológica para preservar o ecossistema único da região e até hoje impressiona pesquisadores. 

Local mágico

O cânion recebeu seu nome em homenagem ao rio Yarlung Tsangpo, que foi apelidado por aventureiros de "Everest dos rios" por ser, em grande parte, inacessível e ter elevação média de 4 mil metros. As nascentes do Yarlung estão localizadas no oeste da Região Autônoma do Tibete, na Geleira Angsi.

O local se formou quando forças tectônicas empurraram a crosta terrestre para cima há cerca de 3 milhões de anos e tornaram mais íngreme o curso do rio. E além de todo esse território mágico, o fato da árvore mais alta já descoberta na Ásia estar localizada ali é um atrativo a mais para a região.

Segundo os pesquisadores chineses, ainda não está claro a qual espécie a árvore pertence. Porém, publicações na mídia estatal chinesa na época da descoberta sugerem que ela possa ser um cipreste do Himalaia (Cupressus torulosa) ou um cipreste tibetano (Cupressus gigantea).

Quebrando recordes

Antes da descoberta do cipreste no cânion Yarlung Tsangpo, a árvore mais alta da Ásia era uma meranti amarela (Shorea faguetiana) de 101 metros de altura e localizada na Área de Conservação do Vale Danum, na Malásia.

A Região Autônoma do Tibete tem um ecossistema único que é cada vez mais influenciado pelo desenvolvimento e pela mudança climática global. No entanto, a área do cânion tem recebido esforços de conservação para proteger a flora e a fauna.

Em entrevista ao jornal estatal Global Times, o professor do Instituto de Sensoriamento Remoto da Universidade de Pequim, Guo Qinghua, disse que o cipreste em questão é interessante porque suas raízes de sustentação não estão completamente enterradas no subsolo. A árvore também tem um sistema de ramificação complexo que fornece "microclimas e habitats ideais para algumas plantas e animais ameaçados de extinção", ressaltou o pesquisador.