Artes/cultura
09/04/2018 às 08:01•3 min de leitura
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Se você ainda não conhece essa pérola da cultura mundial, não perca tempo e dê um jeito de ler o clássico "O Pequeno Príncipe", livro que definitivamente impactou a vida de milhares de pessoas ao redor do globo. A maravilhosa obra de Antoine de Saint-Exupéry marca 75 anos de existência em 2018, e eu (Ricardo Fadel, fã do principezinho) faço questão de contar para você um pouco sobre o autor e algumas repercussões geradas pelo livro.
Mais uma vez: se você ainda não leu esse clássico, corra atrás e faça esse favor a si mesmo... Até porque este artigo pode não ser tão significativo se você ainda não conhece a saga do habitante do asteroide B-612. E não se preocupe: aqui, não há nenhum "spoiler" ou fato revelador sobre a trama, ok?
O escritor francês — e também piloto de avião — Antoine de Saint-Exupéry não decidiu criar uma pérola da literatura infantojuvenil assim, "do nada". Aos 21 anos, depois de passar por uma carreira universitária malsucedida, Saint-Exupéry foi parar no exército francês. E foi lá que seus talentos como piloto foram desenvolvidos.
Ao transitar entre exercício militar, empregos diversos e trabalhos variados como aviador, o francês produziu histórias que fizeram bastante sucesso mesmo antes do lançamento do livro do principezinho. O clássico "Voo Noturno", lançado em 1931, ganhou uma série de prêmios e, depois de uma aterrissagem forçada no deserto da Líbia, o autor escreveu "Terra dos Homens" (1939): um best-seller ainda mais premiado e que figurou entre os mais vendidos do jornal The New York Times por 5 meses.
Então chega a Segunda Guerra Mundial, e o autor se vê exilado para a América do Norte, "aterrissando" na cidade de Nova York. Em 1940, Saint-Exupéry literalmente escapou de sua nação (que acabava de passar pela tenebrosa Batalha da França, ou Queda da França) com sua mulher, a escritora e artista salvadorenha Consuelo Suncin.
Mas o aristocrata não passou por uma estadia confortável nos EUA. De qualquer forma, em meio a uma série de dilemas pessoais, infortúnios no casamento e problemas de saúde, Saint-Exupéry usou sua própria experiência de vida para chegar à ideia de narrar a saga de um pequeno príncipe extraterrestre e iniciou uma sequência de simples, mas belíssimas ilustrações.
Em um artigo feito ao The New York Times em 2000, a biógrafa Stacy Schiff relata que há uma conexão emocional e direta entre o autor expatriado e o príncipe extraterrestre. Schiff comenta que "os dois permanecem entrelaçados, juntos, gêmeos inocentes que caíram do céu".
Desde o começo da ideia do livro, Saint-Exupéry já sabia que iria "atuar" como narrador de uma história com um jovem príncipe, repleto de inocência e sabedoria. Surgiram alguns conceitos de personagens que hoje não figuram no livro, mas o enredo, como um todo, não passou por grandes transformações de direcionamento. Por fim, "O Pequeno Príncipe" criou forma e foi finalmente publicado em 1943 (1945 na França).
Antoine Jean-Baptiste Marie Roger Foscolombe de Saint-Exupéry deixou o planeta Terra — e foi se juntar ao principezinho — ainda jovem, aos 44 anos. O francês acabou retornando à Europa após 25 meses de exílio e, durante uma missão militar em 1944, Saint-Exupéry partiu de uma base aérea na Córsega e nunca mais voltou.
É inegável que o enredo do livro — publicado em mais de 220 idiomas e dialetos — é atemporal, e muitas das mensagens de amor e companheirismo foram tão marcantes que pessoas de todos os credos e situações sociais se veem identificadas com o que é relatado por Saint-Exupéry. Muitas pessoas e experts em literatura inclusive já estão realizando eventos (pelas mídias sociais, por exemplo) para comemorar os 75 anos da fábula e discutir diferentes passagens e acontecimentos.
Quanto ao impacto gerado em outros ramos do entretenimento, "O Pequeno Príncipe" despontou na forma de:
No Brasil, você pode encontrar até mesmo uma avenida que carrega o nome do livro: a Avenida Pequeno Príncipe, em Florianópolis, visto que Saint-Exupéry passou pela cidade durante sua carreira de aviador. Além disso, algumas peças de teatro, baseadas no livro, já apareceram em São Paulo e em outras grandes cidades do planeta.
Em 2018, portanto, "O Pequeno Príncipe" marca 75 anos de uma bela existência. A Amazon é uma das companhias que acharam uma forma interessante de celebrar essa data. Na loja virtual, é possível visualizarmos a pré-venda de "The Little Prince: 75th Anniversary Edition", uma edição comemorativa do clássico que inclui a história original, um "making of" do enredo e ainda um bônus: um link para download de uma versão sonora do livro, narrada por ninguém menos que o aclamado ator Viggo Mortensen. Que tal?
Se você ainda não leu o livro, pela terceira vez eis o pedido: faça-o! Se você já conhece a saga do principezinho, bem... Fica a dica de dar aquela relembrada ao tirar o livro da estante e mergulhar novamente nessa bela história que, apesar de ser apresentada como infantojuvenil, passa lindas mensagens a pessoas de todas as idades, não é mesmo?