Políticas de inclusão em universidades brasileiras funcionam

16/01/2020 às 12:222 min de leitura

A Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, realizou um novo estudo tendo como objetivo analisar a eficiência das políticas afirmativas adotadas pelas Universidades públicas do Brasil.

No estudo da Universidade de Illinois, foram examinadas 48 Universidades Federais, 1000 programas de acesso ao ensino superior e 163,889 matrículas feitas por novatos.

Com base nesses dados, foi analisado o efeito das políticas afirmativas em quatro vertentes, sendo elas: raça, gênero, condições socioeconômicas e passado do estudante, se é proveniente de ensino médio em escola pública ou privada.

Resultados obtidos

Como o objetivo era verificar se tais políticas cumpriam seu objetivo principal – democratizar o acesso ao ensino superior e permitir que classes marginalizas cheguem às Universidades, o estudo concluiu que sim, o sistema funciona como o esperado.

Segundo os dados observados, houve um aumento de 9.8% de estudantes negros, pardos ou indígenas; 10.7% a mais de estudantes vindos da rede pública de ensino e aumento de 14.9% no que diz respeito às condições socioeconômicas.

(Fonte: iStock/Reprodução)
(Fonte: iStock/Reprodução)

Novas políticas afirmativas?

O coautor da pesquisa, Renato Schwambach Vieira, começou a pensar, a partir do estudo, sobre possíveis políticas de viés socioeconômico para substituir as cotas raciais nas Universidades, algo que é tão controverso, como ele mesmo propõe.

No entanto, a pesquisa feita no Brasil mostrou que essa ideia não seria eficiente. “Se você quer atingir igualdade racial, as cotas não podem ser pautadas em características socioeconômicas; esse princípio não funciona para aumentar o número de estudantes negros ou pardos”.

Por que justamente as Universidades brasileiras?

De acordo com os pesquisadores, as instituições do Brasil oferecem os dados necessários para realizar uma análise desse porte, ao contrário das estadunidenses.

Além disso, o Brasil é citado como um dos países historicamente mais desiguais do mundo quando se trata de critérios raciais e socioeconômicos. Um dos fatores citados é a falta de acesso à educação por parte de classes marginalizadas.

Por isso, em 2012, foi instituída a Lei de Cotas, demandando metade das vagas oferecidas pelas Universidades fossem reservadas para integrantes de grupos minoritários – negros, pardos, indígenas e em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

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