Estilo de vida
20/05/2020 às 12:31•2 min de leitura
O ano é 2020, mas a raça humana ainda não conhece todas as espécies que habitam a Terra e provavelmente nunca irá. Uma das mais recentes descobertas da Ciência é um fungo parasita quase microscópico que habita um local improvável: os órgãos genitais de diplópodes, tanto dos machos quanto das fêmeas.
No entanto, o mais inusitado sobre essa criatura é que foi batizada de Troglomyces twitteri, em homenagem ao Twitter. Não foi uma ofensa aos tuiteiros, muito pelo contrário. É que o fungo foi descoberto depois que uma foto publicada nesse site de mídia social chamou a atenção dos pesquisadores.
Pontinhos brancos que originaram a descoberta.
Segundo uma das coautoras do artigo que divulgou a descoberta, a entomologista Ana Sofia Reboleira, do Museu de História Natural da Dinamarca na Universidade de Copenhague, o parasita chamou a atenção dela em uma foto de um diplópode da América do Norte que um colega publicou no Twitter. A imagem exibia dois pequenos pontos brancos desconhecidos e ela imediatamente desconfiou que se tratava de um parasita.
Depois de analisar as particularidades da amostra e perceber que realmente era uma espécie nova, a pesquisadora publicou a descoberta no periódico científico MycoKeys, em coautoria com Henrik Enghoff (também de Copenhague) e Sergi Santamaria (da Universidade Autônoma de Barcelona).
Vários tipos de diplópodes.
O Troglomyces twitteri mede 100 micrômetros — similar ao diâmetro de um fio de cabelo — e parece com uma pequena larva. Pertence à ordem dos Laboulbeniales, que inclui mais de 2 mil tipos de parasitas.
Imagens divulgadas pelos pesquisadores no estudo que deu origem à descoberta.
É uma das cerca de 30 espécies da ordem que atacam apenas diplópodes, um artrópode similar ao que é conhecido popularmente no Brasil como piolhos-de-cobra. Esse tipo de fungo se nutre por meio do animal hospedeiro, perfurando a concha externa deste e usando uma estrutura de sucção especial.
Segundo a pesquisadora que descobriu a nova espécie, estudar os fungos é fundamental para que possamos conhecer também os animais em que eles vivem e os próprios mecanismos do parasitismo, o que pode contribuir inclusive para desenvolver formas de evitar que essas criaturas minúsculas afetem a saúde humana.